Whatsapp e Netflix na mira: Eduardo Cunha entra em campo novamente contra a internet livrePor Todd TomorrowEntre 2013 e 2014, o agora presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, tentou entregar os direitos dos usuários de internet para as operadoras de telefonia no âmbito do Marco Civil da Internet. O ataque contra a neutralidade da rede era uma tentativa de fracionar a internet brasileira e nós, usuários, teríamos de pagar por cada serviço. Usa e-mail? Paga um valor. Usa youtube? Mais uma taxinha. Facebook? Um adicional de tanto. O deputado chegou a afirmar que essa rede neutra e ilimitada era um modelo comunista de internet. Felizmente, ele não conseguiu ainda que tenha ameaçado lograr êxito. [[MORE]]Agora, representantes dessas mesmas operadoras articulam com o mesmo deputado uma forma de alterar a regra tributária e a regulamentação dos serviços do whatsapp e do Netflix. Ele que sempre foi considerado um dos maiores lobistas de uma infinidade de conglomerados empresariais em detrimento dos interesses da população e que é considerado um herói dos ‘liberteens’ que ignoram os efeitos nefastos do financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Comenta-se que ao garantir uma quantia obscena de recursos, que certificou sua campanha eleitoral como a segunda mais cara dentre todos os 513 deputados eleitos, foram tantas as empresas que desejavam financiar sua campanha e assim estar sob a proteção do seu guarda-chuva, que Cunha conseguiu financiar, direcionando as ofertas de doação eleitoral excedentes para mais de 20 campanhas eleitorais de aliados eleitos só na Câmara Federal! Teriam recebido parte da bonança candidatos de seu partido, o PMDB e de outros como o PSC, DEM e SDD. Cunha não precisará encampar pessoalmente a proposta das operadoras contra os serviços do whatsapp e Netflix, como o fez no Marco Civil da Internet, até em razão de ser presidente da Casa. Hoje ele é uma figura nacional. Desconfio que está em processo de escolha o nome do capanga que levará a proposta. Não por coincidência foi instalada uma Subcomissão Especial dos Serviços de Telefonia Móvel e TV por Assinatura que tem debatido, sem acompanhamento da sociedade civil organizada, o modelo da prestação dos serviços de telecomunicações no país. A alegação para a criação dessa subcomissão é este: “O colegiado busca propostas para o aperfeiçoamento do modelo regulatório dos serviços de telefonia móvel e TV por assinatura, ouvindo agentes públicos, privados e representantes da sociedade civil ligados ao setor.” Não importa se você defende ou não algum campo de orientação econômica, seja neoliberal, marxista, keynesiano, etc. A política está sendo tocada na Câmara dos Deputados num nível inédito de fisiologismos, clientelismos e nos piores interesses imagináveis e não em correntes de pensamento.» Todd Tomorrow, militante de direitos humanos e membro fundador do coletivo Pedra no Sapato.

Whatsapp e Netflix na mira: Eduardo Cunha entra em campo novamente contra a internet livre
Por Todd Tomorrow

Entre 2013 e 2014, o agora presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, tentou entregar os direitos dos usuários de internet para as operadoras de telefonia no âmbito do Marco Civil da Internet. O ataque contra a neutralidade da rede era uma tentativa de fracionar a internet brasileira e nós, usuários, teríamos de pagar por cada serviço. Usa e-mail? Paga um valor. Usa youtube? Mais uma taxinha. Facebook? Um adicional de tanto. O deputado chegou a afirmar que essa rede neutra e ilimitada era um modelo comunista de internet. Felizmente, ele não conseguiu ainda que tenha ameaçado lograr êxito.

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Os nefastos reis do Petróleo na Somália: empresa de político britânico é investigada por corrupção e lobby.Por Guilherme Vidal | Na foto: Lord Michael Howard Localizada na parte mais oriental da África, a Somália pertence ao chamado Chifre Africano - composto por Eritréia, Djibouti, Etiópia, Quênia e Somália. Seguramente, você já deve ter escutado falar dos piratas somalis. E, isso se deve ao fato do país encontrar-se, ao norte de seu território, com o Estreito de  Bal-el-Mandeb (ponto de ligação do Mar Vermelho ao Oceano Índico), uma região com intenso trânsito de petróleo.[[MORE]]De tempos em tempos, a opinião pública europeia faz um grande alarde sobre navios saqueados na costa da Somália. Além disso, o país também ocupa as manchetes internacionais quando o assunto é imigração ou terrorismo[¹]. Entretanto, são raras as reportagens que tecem uma reflexão sobre a natureza histórica dos problemas sociais da região. Foram 22 anos de uma ditadura militar, ora alinhada com a URSS, ora com os EUA. Com derrubada do Ancien Régime, em 1991, o país mergulhou em guerra civil. No início do conflito, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma intervenção liderada pelos ianques[²], que permaneceu até 1995. Com a virada do milênio, o Estado entrou em colapso com o surgimento de grupos armados, incluindo radicais islâmicos, grupos étnicos e tribais. No final de junho de 2006, a União dos Tribunais Islâmicos capturou a capital Mogadíscio. Os anos que se sucederam foram de intervenções da aliança Etiópia/EUA e das tropas da União Africana contra o grupo islâmico. Presidente amigo do Ocidente Após o estabelecimento de um governo de transição(2009), as eleições presidenciais tornaram o candidato ligado a Irmandade Muçulmana, Hassan Sheikh Mohamud, o novo governante do país. Ativista político e fundador da Universidade de Mogadíscio, além de defensor do neoliberalismo, o novo presidente se tornou, em 2013, segundo a revista Times, um dos 100 homens mais influentes do mundo. Todo esse poder emana das riquezas naturais da Somália. São 200 bilhões de m³ de gás natural(comprovados) e estima-se 100 bilhões de barris de petróleo. No mesmo ano da publicação da Times, o presidente, apoiado pelos britânicos/americanos, estimulou a abertura da exploração petrolífera, além de reforçar o controle militar das localidade próximas às reservas. O sopro branco de LondresO currículo do Lorde Michael Howard(ex-líder do Partido Conservador Britânico) é para nenhum Kim Kataguri colocar defeito. Durante o período Thatcher foi ele o condutor do processo de privatização do sistema de água, fato que contribuiu para a sua promoção ao cargo de ministro do trabalho(1990-1993). Nesse período, o lorde foi responsável por flexibilizar as regras trabalhistas, que geraram demissões em massa. Sua política neoliberal beneficiou o grande empresariado do carvão. Sua aproximação com o setor energético culminou com o seu cargo de ministro do interior(1993-1997). Mais tarde, a parceria lhe renderia bons frutos. Em 2013, o Lorde associava-se ao executivo da British Petroleum e ao controlador Robert Sheppard da DTEK Holding(maior empresa privada de energia da Ucrânia) para criar a SOMA Oil and Gás. O ponto que a trama fica interessante Segundo Global Witness, Michael Howard teria enviado uma carta à Michael Fallon, quando ministro dos negócios do Reino Unido, pedindo um grande favor: se encontrar com o ministro da energia da Somália para discutir “os desafios de desenvolver um regime de hidrocarbonetos”. (2012)Em 2013, com apenas três meses de existência, a empresa do Lorde Britânico conseguiu permissão para explorar e pesquisar o petróleo da Somália. Recentemente, a Serious Fraud Office(SFO), um escritório governamental de investigações, tem divulgado em sua página na internet todas as informações sobre a SOMA Oil and Gás. Segundo as investigações, a empresa foi criada, exclusivamente, para atuar no mercado de petróleo do Chifre Africano, logo após da ONU pedir moratória sobre todas as novas ofertas de petróleo na Somália.O Governo da Somália parece tentar reconstruir o país adotando o modelo neoliberal de estímulo da economia que, nesse caso, seria o de privatização de investimentos e aceitação do capital internacional para extração de recursos naturais. Entretanto, os acordos de exploração do petróleo estão sendo feitos a portas fechadas - em um país devastado por guerras- com empresas de histórias recentes. Dentro desse acordo, a SOMA Oil and Gás teria ganhado 12 blocos de petróleo OffShore para realizar uma pesquisa sísmica na costa do país. Ademais, os dados do contrato firmado com o governo da Somália não foram divulgados no parlamento somali, ora, levantando questões sobre quem são as pessoas envolvidas/valor do negócio. Segundo reportagem do Wall Street Journal, verificou-se que um diretor da SOMA, Mohamed Ajami, estava sob investigação do Departamento de Justiça dos EUA. O empresário teria sido acusado de ter feito subornos para persuadir o Libyan Investment Authority - da era Gaddafi - à investir 300 milhões de dólares(dinheiro da Líbia) no fundo de hedge Och Ziff. ****1 - Recentemente, a mídia internacional está noticiando os atentados do Al-Shabaab - uma organização filiada à rede Al-Qaeda. Essa semana, o grupo realizou um atentado, com treze baixas, em um hotel onde estariam autoridades internacionais. Além disso, a mídia europeia, sobretudo, abordam diariamente o problema da imigração. Somalis estão sendo cada vez mais expostos ao preconceito em países como a França e a Itália. - Ref: O Globo2 - Os Estados Unidos entraram no conflito para defender posições imperialistas e obter o controle de parte do petróleo da Somália. - Ref: Carta Maior» Guilherme Vidal é pesquisador em ciências econômicas e colunista pelo coletivo Guerrilha

Os nefastos reis do Petróleo na Somália: empresa de político britânico é investigada por corrupção e lobby.
Por Guilherme Vidal | Na foto: Lord Michael Howard

Localizada na parte mais oriental da África, a Somália pertence ao chamado Chifre Africano - composto por Eritréia, Djibouti, Etiópia, Quênia e Somália. Seguramente, você já deve ter escutado falar dos piratas somalis. E, isso se deve ao fato do país encontrar-se, ao norte de seu território, com o Estreito de  Bal-el-Mandeb (ponto de ligação do Mar Vermelho ao Oceano Índico), uma região com intenso trânsito de petróleo.

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II Copa dos Refugiados: imigrantes jogam futebol por empoderamentoPor Robin Batista | Fotos: Gabriel SoaresNo último fim de semana (1 e 2 de Agosto), rolou em São Paulo a II Copa dos Refugiados, organizado por imigrantes que se refugiaram no Brasil por conta de guerras e outras violências que sofriam em seus países. O evento tem apoio de Caritas-SP e ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).[[MORE]]A ideia da confraternização é usar o futebol, linguagem quase universal, para visibilizar e empoderar essas pessoas que vivem em situações tão vulneráveis e que, fugindo de tantos problemas sociais e humanitários, ainda passam por sérias privações aqui no Brasil, já que não falam o português, não possuem emprego, não têm moradia e têm grandes dificuldades de acesso a serviços básicos como educação e saúde.A Guerrilha colou no 1° dia da II Copa dos Refugiados e registrou algumas partidas no trampo foda do nosso fotógrafo Gabriel Soares. Confere aí:‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘‘» Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha

II Copa dos Refugiados: imigrantes jogam futebol por empoderamento
Por Robin Batista
| Fotos: Gabriel Soares

No último fim de semana (1 e 2 de Agosto), rolou em São Paulo a II Copa dos Refugiados, organizado por imigrantes que se refugiaram no Brasil por conta de guerras e outras violências que sofriam em seus países. O evento tem apoio de Caritas-SP e ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).

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Cansados de esperar pelo Governo, indígenas fazem autodemarcação de terras no ParáPor Robin BatistaHá algumas semanas atrás, o povo Mundukuru do Rio Tapajós iniciou a autodemarcação da terra indígena Sawre Muybu, depois de muito esperar pelas autoridades de Brasília e sem ter nenhuma solução.[[MORE]]A autodemarcação, que recebeu apoio de povos indígenas e não-indígenas, foi acompanhada de uma carta que explica o processo e a necessidade de resistência na luta pelo reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.Leia abaixo a carta na íntegra:IV CARTA DA AUTODEMARCAÇÃONós Munduruku, do alto e médio Tapajós, estamos dando continuidade com a segunda etapa da autodemarcação de IPI WUYXI IBUYXIM IKUKAP- DAJE KAPAP EYPI.Em cinco dias na floresta, concluímos seis pontos da autodemarcação e presenciamos rastros de destruição, feitos pelos ladrões invasores de nossas terras: madeireiros, palmiteiros e grileiros.No segundo dia, acompanhando o rastro dos madeireiros, encontramos dificuldades para a alimentação, estávamos há dois dias sem encontrar caça. A gente sabe que onde há presença de zoada de trator, de moto-serra, e com a circulação de pessoas no ramal a caça fica extinta, esses animais não suportam sentir esse cheiro humano. Estamos falando a respeito disso em razão de presenciar essa cena durante a autodemarcação. Fotos: Anderson Barbosa / Fractures Photo CollectiveDepois que a gente varou no ramal dos madeireiros, vimos uma trilha, uma ponte, que eles fazem para carregar madeira e palmito de açaí. Vimos também a roça deles. Isso aqui é uma estrada para puxar madeira e palmito. Como a gente está autodemarcando agora, percebemos que está dentro da nossa área.Estamos vendo aqui a destruição que o pessoal está fazendo no açaizal. Quem começa tudo isso são os madeireiros. Eles fazem o ramal e os palmiteiros vem atrás destruindo o açaizal. A gente estava preservando para tirar o açaí para os nossos netos, estamos vendo que não temos mais quase nada na nossa terra. Daqui que a gente tira a fruta para dar o suco aos nossos filhos e agora estamos vendo a destruição. Sempre dizemos que o pariwat (branco) não tem consciência disso. Fotos: Nayana FernandezPor isso que estamos fazendo a autodemarcação, porque os pariwat estão destruindo as árvores, nós não fazemos ao modo deles. A intenção do pariwat e do governo federal é só destruir mesmo, e a intenção do indígena é preservar. Por que a gente preserva? Porque esse patrimônio foi dado a nós por nosso guerreiro Karosakaybu, a terra é a nossa mãe de onde tiramos nossa sobrevivência e onde podemos viver de acordo com a nossa cultura.Daje Kapap Eypi é um lugar sagrado para todo o povo Munduruku, seja do alto ou médio Tapajós. Temos que preservar a nossa natureza, o nosso rio, os nossos animais e as nossas frutas, deixadas por Karosakaybu.Estamos realizando a autodemarcação para mostrar que essa terra é nossa, para que os brancos respeitem a nossa terra. Queremos ter autonomia em nossa terra, queremos que nós, indígenas, possamos ser os fiscais e protetores dessa terra como sempre fomos.Continuamos aqui na autodemarcação e não sabemos o que vamos encontrar pela frente…Sawe!11 de julho de 2015, aldeia Sawre Muybu, médio Rio Tapajós.****A carta também foi publicada em inglês no Upside Down World, dos EUA, e em espanhol no Subversiones, do México.» Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha

Cansados de esperar pelo Governo, indígenas fazem autodemarcação de terras no Pará
Por Robin Batista


Há algumas semanas atrás, o povo Mundukuru do Rio Tapajós iniciou a autodemarcação da terra indígena Sawre Muybu, depois de muito esperar pelas autoridades de Brasília e sem ter nenhuma solução.

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Zé Maria: “Não defendemos impeachment. É preciso construir uma alternativa da classe trabalhadora”Na última semana, muito se especulou sobre declarações de Zé Maria, militante do PSTU e candidato à Presidência da República por este partido em 2014, a respeito da atual conjuntura política do Brasil. Uma fala que dizia ser necessária a construção de uma alternativa da classe trabalhadora, foi transformada em “convocação de impeachment”. Num mar de lama de desinformação, blogs e sites que recebem verba de publicidade do governo federal se confundem facilmente com os mesmos veículos que criticam. [[MORE]]Para entender melhor a posição do partido sobre a conjuntura, leia abaixo a entrevista com Zé Maria, por Francisco Toledo:Afinal, o PSTU apoia ou não o impeachment da presidenta Dilma Rousseff?Não defendemos. O impeachment implica em colocar nas mãos do Congresso Nacional que aí está a solução da crise. E este Congresso está metido até o pescoço neste mar de lama da corrupção que estamos vendo no país neste momento. E tem sido sócio do governo Dilma para aplicar o ajuste fiscal e atacar o direito dos trabalhadores. O Aécio Neves posa de oposição mas defende a mesma política econômica que o PT. Então tirar Dilma pra deixar o Temer, para entrar o Eduardo Cunha ou o Aécio seria trocar o seis pela meia dúzia, não mudaria nada.Por isso nossa proposta não é o impeachment, e sim construir uma mobilização dos trabalhadores e da juventude para tirar todos eles: Dilma, Temer, Aécio, Eduardo Cunha, toda a corja. Se nesta luta construirmos condições para que assuma um governo de trabalhadores, apoiado em nossa luta e nas nossas organizações, melhor. Se não tivermos força para tanto, temos de exigir pelo menos novas eleições gerais, para trocar todo mundo, de presidente a deputado…Em matéria da Carta Capital, chegou a ser especulado até a adesão do partido aos protestos comandados por grupos de direita. Qual a sua posição sobre esses veículos que insistem em denegrir a imagem da oposição de esquerda ao governo Dilma?Infelizmente essa é a situação que temos na grande imprensa. Uns são vendidos para a direita tradicional, outros vendidos ao governo do PT. Ao invés de procurar o PSTU (e eles têm os nossos telefones) para saber o que pensamos, preferem divulgar calúnias para tentar desqualificar os que se opõem a eles. É da natureza deste tipo de mídia.Por isso é importante o papel dos meios alternativos, como o que vocês desenvolvem aqui. São um oásis no meio deste deserto de informação em que ficamos se dependemos da grande mídia.Mas este tipo de artimanha destes meios mostra também a fragilidade dos argumentos deles. Sabem que estão defendendo o indefensável, por isso precisam mentir. Nós estamos pedindo à Carta Capital que publique uma nota nossa. Vamos ver o que farão [Carta Capital já atualizou a referida notícia com a nota do PSTU].Qual deve ser a postura ideal da esquerda diante do que vem acontecendo?Nesta polarização entre PT de um lado e PSDB de outro, a esquerda precisa lutar contra os dois. Precisa ajudar nossa classe, que está revoltada com este governo, a organizar a luta para colocá-lo para fora. Mas colocar pra fora não só o governo do PT, como também Aécio do PSDB, Temer e Eduardo Cunha do PMDB. Todos os que estão atacando nossos direitos e roubando recursos públicos. A direita está na oposição burguesa, mas está também no governo do PT. Não se trata de esquerda contra direita, são dois blocos de direita.E dois blocos corruptos da mesma forma. Aécio tem a cara de pau de criticar o PT pela corrupção (que de fato este partido está patrocinando), sendo que ele próprio foi financiado pelas mesmas empreiteiras que financiaram o PT e Dilma. São farinha do mesmo saco.Então, a esquerda tem de romper com o governo para organizar a luta contra ele, pois é daí que estão vindo os ataques contra nossos direitos. E, por esta via, combater também a oposição burguesa. Precisa romper com o governo e convocar uma greve geral que possa derrotar o ajuste fiscal, o governo e está oposição de mentirinha, chefiada pelo PSDB que aí está. Este é o caminho porém a esquerda precisa se unir e lutar.A CSP-Conlutas está lutando junto às demais centrais sindicais e movimentos populares justamente para tentar construir este caminho. É errado reforçar as mobilizações convocadas pelo PSDB, mas é errado também chamar manifestações “contra a direita” que são manifestações que de fato são para defender o governo. Atitudes assim acabam ajudando a oposição burguesa, pois jogam a classe trabalhadora, que quer lutar contra o governo, nos braços do PSDB, que aparece como o único contra o governo, enganando os trabalhadores, como se fosse oposição.Precisamos construir um outro campo, de classe, para lutar contra os dois. Amanhã, 30 de julho, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, vai acontecer reunião convocada pela CSP-Conlutas para impulsionar a construção deste campo dos trabalhadores. É preciso que os demais setores da esquerda se somem a este esforço.Você acha possível a construção de uma greve geral mesmo com centrais como a CUT e movimentos como o MST insistindo em defender o governo petista?Precisamos lutar para que isso aconteça, pois seria melhor para os trabalhadores. Mas trata-se de uma situação difícil. No entanto, chamá-los a que o façam é necessário, em primeiro lugar porque se vierem para a luta vai ser positivo para os trabalhadores. Se não vierem, queremos que isso fique claro para as bases destas organizações, para que elas abandonem estes chefes e venham para a luta apesar deles.Não podemos descartar que se possa construir uma mobilização geral no país, que leve mesmo a uma greve geral, com as bases passando por cima delas. Essa é a batalha do PSTU neste momento.Assista na íntegra o vídeo do jornal Opinião Socialista, em que Zé Maria falou sobre o assunto:

Zé Maria: “Não defendemos impeachment. É preciso construir uma alternativa da classe trabalhadora”

Na última semana, muito se especulou sobre declarações de Zé Maria, militante do PSTU e candidato à Presidência da República por este partido em 2014, a respeito da atual conjuntura política do Brasil. Uma fala que dizia ser necessária a construção de uma alternativa da classe trabalhadora, foi transformada em “convocação de impeachment”. Num mar de lama de desinformação, blogs e sites que recebem verba de publicidade do governo federal se confundem facilmente com os mesmos veículos que criticam.

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Graffitaço em SP contra higienismo da gestão HaddadPor Robin BatistaNesse domingo, trabalhadoras e trabalhadores e o povo de rua que convive num espaço que existe debaixo do Viaduto Alcântara, na região do Brás, em São Paulo, farão um “graffitaço” contra o higienismo imposto por Haddad e que beneficia grandes corporações, como Itaú e Porto Seguro. O ato tem apoio do Coletivo Autônomo das Trabalhadoras Sociais.[[MORE]]Segundo Pâmela Maria, uma das meninas que estão agitando a realização do ato, “existe a ideia de colorir o espaço (que não recebe tinta nova há anos), mas principalmente visibilizar esse local onde, além de existir uma tenda de assistência ao povo de rua, é o espaço onde estão as malocas, que são a moradia dessas pessoas enquanto esse direito não lhes é garantido. Hoje a prefeitura quer fechar essas tendas (são três só pela Radial), quer jogar os mais pobres da cidade mais pra lá, quer sumir com eles e elas do centro.”As trabalhadoras que estão convocando o ato também acreditam que eventos públicos, contra-culturais, que mobilizem e/ou chamem a atenção da comunidade que cerca o viaduto e de pessoas e coletivos que possam se tornar parceiros, fortalece a pauta. .“Somos acolhidos e a voz do povo de rua (que pede por moradia e dignidade, pelo fim da violência policial e política) seja mais ouvida e entendida. Fazemos outros eventos na tenda, como saraus e cinedebates, e quando pessoas ‘de fora’ colam, quebramos os mitos e preconceitos entre “cidadãos” versus povo de rua, estreitamos os laços de solidariedade e luta”, conclui Pâmela.O ato acontece nesse domingo (02/08) e a Guerrilha vai colar junto! Venha com seus sprays, rolos e pincéis pra pixar, graffitar, fazer stencil ou lambes.Onde: Avenida Alcântara machado, 888 (esquina com a Rua Piratininga) - 5 min do metrô Brás, São Paulo.Quando: Domingo (02/08), das 11h às 22h Confirme presença no evento aqui[Recado das minas: machistas NÃO são bem vindos]PINTE Y LUTE!» Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha

Graffitaço em SP contra higienismo da gestão Haddad
Por Robin Batista

Nesse domingo, trabalhadoras e trabalhadores e o povo de rua que convive num espaço que existe debaixo do Viaduto Alcântara, na região do Brás, em São Paulo, farão um “graffitaço” contra o higienismo imposto por Haddad e que beneficia grandes corporações, como Itaú e Porto Seguro. O ato tem apoio do Coletivo Autônomo das Trabalhadoras Sociais.

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Julian Assange: “Google e Facebook trabalham como agências de espionagem”Por Francisco ToledoEm entrevista ao El Mostrador, do Chile, o jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, denunciou que grandes empresas de informação, como o Google e o Facebook, estão envolvidas em esquemas de investigações da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos. Ele ainda falou sobre a importância da comunicação independente e a atual situação da América Latina em relação à espionagem. [[MORE]]Baseando suas denúncias em documentos publicados no seu último livro, “Quando o Google encontrou o WikiLeaks”, Assange ressaltou que a empresa – juntamente com o Facebook – tem se adequado ao modelo de espionagem proposto pela NSA. “Google e Facebook fazem parte do negócio de ‘ser uma agência de espionagem’ da NSA. Eles reúnem todas as informações que podem, com o maior número de pessoas no mundo todo e colocam em enormes bancos de dados. É como se eles pescassem os peixes”, denunciou. A grande crítica feita ao Google, segundo Assange, é de que a empresa, com seus seis bilhões de visitas diárias, tem uma capacidade de condicionamento do usuário jamais vista. “Eles montam uma relação de todos os interesses das pessoas para torná-las mais previsíveis e vender esses perfis para os anunciantes. Esse é o negócio. É algo que nunca foi visto”.Na Embaixada do Equador na Inglaterra, Assange recebe um dos maiores intelectuais do mundo, Noam Chomsky. Em 2015, ele completa três anos refugiado dentro da embaixada | Foto: Yui MokCrescimento dos veículos independentesUsando o conceito “politização da internet”, Assange define o momento em que a sociedade e a internet se fundiram como a transição mais importante dos últimos cinco anos.Para ele, a era digital tem contribuído com o maior número de informações disponíveis, além de dar maior poder ao cidadão comum. Esta pode ser uma forma, de acordo com o jornalista, de revitalizar a mídia independente. “É um bom momento para ser uma mídia independente. O momento é extremamente vibrante. Há muitas oportunidades e desafios”, comentou. Espionagem na América LatinaEspecificamente sobre os países latino-americanos, Assange diz que não só jornalistas ou políticos estão sob os “olhos” da NSA. Para ele, qualquer pessoa que faça uso da rede tem seu nome dentro da lista negra do órgão norte-americano. “Não é exclusivo para jornalistas. Todas as pessoas que usam essas megacorporações estão sob investigação. 98% das comunicações latino-americanas são interceptadas pela NSA, que repassam as informações para o mundo”.

Julian Assange: “Google e Facebook trabalham como agências de espionagem”
Por Francisco Toledo


Em entrevista ao El Mostrador, do Chile, o jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, denunciou que grandes empresas de informação, como o Google e o Facebook, estão envolvidas em esquemas de investigações da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos. Ele ainda falou sobre a importância da comunicação independente e a atual situação da América Latina em relação à espionagem.

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A importância da mídia independente nos dias de hojePor Francisco ToledoFaz tempo que, no Brasil, a maioria da população já não se sente mais confortável com o posicionamento dos grandes veículos de comunicação - principalmente na televisão. Mas pouco se fala sobre a importância da construção de uma mídia independente diante de retrocessos e monopólio - o último bastião do jornalismo contra a desinformação.[[MORE]]O ano é 1999. A cidade é Seattle, nos Estados Unidos. Protestos explodiram pela cidade contra o Banco Mundial, naquilo que seria reconhecido no futuro como o “movimento anti-globalização”. Foi naquela mesma época onde a Internet ganhava impulso nos Estados Unidos e Europa. E foi a Internet que tornou possível uma visão mais independente daquilo que ocorria nas manifestações e mobilizações políticas - surge o Centro de Mídia Independente.De lá pra cá, muita coisa mudou. As redes sociais surgiram, com toda a força. Twitter e Facebook se tornaram plataformas de relacionamento, mas ao mesmo tempo uma espécie de palco para discussões e divulgação de visões políticas. A mídia independente cresceu, e com ela o seu público.Se em 1999 o acesso ao Centro de Mídia Independente era tímido, não se pode dizer o mesmo dos atuais grupos de comunicação independentes. Agora, estão espalhados ao redor do mundo, com uma rede de comunicação baseada na horizontalidade, se perpetuando através de outras mobilizações populares, como os Indignados na Espanha e o Occupy nos Estados Unidos.E por outro lado, a mídia convencional ainda não parece estar preparada para isso. Principalmente no Brasil.Apesar de que a maioria da população no Brasil ainda não tenha acesso direto aos conteúdos produzidos por coletivos como o Guerrilha, a desconfiança dessa mesma parcela em relação aos veículos tradicionais (revistas, jornais e canais de televisão) é gigantesca. Seja por desaprovação de conteúdo produzido ou por posicionamento político, religioso ou moral. E isso não é de hoje.Faz tempo que essa desconfiança existe. Quem não se lembra de Leonel Brizola, tendo direito de resposta em pleno Jornal Nacional, onde disse mil e uma verdades sobre a Rede Globo? Desde lá o índice de confiança da população em geral já sofria uma queda brutal. Mas então, por que mesmo assim eles assistem e consumem a informação (ou desinformação) produzida pelos mesmos?O que deve ser debatido aqui são as formas que a mídia independente tem hoje de conseguir atingir esse público, essa grande maioria da população que mesmo sentindo a necessidade de ouvir “um outro lado”, acaba não tendo o mesmo acesso que eu ou você ao nosso conteúdo, e ao conteúdo de milhares de iniciativas independentes de comunicação e cultura.Raramente na história moderna casos assim ocorreram: a quebra de um poder da sociedade. Porque é isso que a grande mídia no geral, em todo mundo, é: um verdadeiro poder, ao lado do Estado, das empresas e das religiões. Algo que, para alguns, ainda é inquestionável. Mas para a maioria, já não é mais bem assim. Analisando tudo isso, o último bastião do jornalismo contra o monopólio da desinformação é a mídia independente. E para alcançarmos o “impossível”, é preciso pensar além do possível. Tentar ao máximo fugir do padrão exigido, dos mecanismos utilizados pelos grandes veículos, das táticas desonestadas empregadas no coração da grande mídia. De repente, um novo horizonte se abre. O impossível é sim, possível.E não basta sonhar. O crescimento da mídia independente é gradual, mas pode se tornar ainda mais forte - inclusive no Brasil. É necessário que tais iniciativas se unam em torno de um projeto em comum, pautando a democratização da mídia e novas formas de financiamento. Afinal, é o seu trabalho, o seu suor, o seu cansaço, a sua vida. Impossível não achar possível. Xô mesmice, xô!O que estamos por ver no futuro próximo é a democratização da rede contra a manipulação. Porque já nos perpetuamos no campo de batalha, e já apresentamos as nossas armas. O que falta, agora, é partirmos para o enfrentamento. E venceremos.Ativistas se mobilizam contra a lei da mordaça, na Espanha. Projeto afeta também o avanço das mídias independentes no país, após o “up” obtido pelas revoltas dos Indignados em 2011 | Foto: AFP» Francisco Toledo é fotógrafo e Gestor de Conteúdos e Projetos do coletivo Guerrilha GRR

A importância da mídia independente nos dias de hoje
Por Francisco Toledo

Faz tempo que, no Brasil, a maioria da população já não se sente mais confortável com o posicionamento dos grandes veículos de comunicação - principalmente na televisão. Mas pouco se fala sobre a importância da construção de uma mídia independente diante de retrocessos e monopólio - o último bastião do jornalismo contra a desinformação.

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Governo turco declara guerra ao povo curdoPor Marc Saurina, direto de AncaraCom o pretexto de combater o Estado Islâmico, o exército turco abre uma nova frente com o  ataque a posições curdas do PKK no norte do Iraque. O governo conservador turco também criminaliza publicamente o Partido Democrático do Povo (HDP). Seria o começo de uma limpeza étnica na Turquia?[[MORE]]O atentado de Suruç, que custou a vida a 32 pessoas, rompeu a frágil paz em que o governo provisório turco levava a cabo as negociações para formar governo. A série de ataques e incidentes nos dias seguintes provocou uma viragem no país que entrou oficialmente num confronto bélico com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e, indiretamente, com o Estado Islâmico (EI), um confronto criticado nas ruas com manifestações massivas pela paz mas apoiado por grande parte dos meios de comunicação. Até ao momento foram levadas a cabo quatro operações aéreas, uma na Síria contra o EI e três no norte do Iraque contra acampamentos do PKK nas montanhas de Qandil. O cessar-fogo do PKK, vigente desde 2013, é agora letra morta.O governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) declarou guerra ao PKK rompendo assim com o processo de paz e virando as costas a milhões de curdos. Paralelamente, dedicou-se a criminalizar publicamente o Partido Democrático do Povo (HDP) - o principal partido pró-curdo -, que pode ser o principal prejudicado da operação militar após os bons resultados obtidos nas eleições de 7 de junho. Além disso, fecha qualquer porta de negociação e de integração entre turcos e curdos. A possibilidade de eleições antecipadas volta a aumentar enquanto os aviões turcos bombardeiam os acampamentos do PKK e atacam objetivos do EI. A operação, no fundo, pode ter conotações políticas e facilitar a que o AKP recupere votos cedidos ao MHP, o partido ultranacionalista turco contrário a qualquer tipo de pacto ou concessão à comunidade curda, ou ganhar novos eleitores no caso de eleições antecipadas.A mobilização do exército na fronteira provocou um surto de violência no Curdistão turco, instrumentalizado pelos meios de comunicação e condicionando a opinião pública. Dentro do país, as únicas vítimas não são só curdas mas também, como é já costume no tempo do AKP, alevitas, de crença sincrética com influência do sunismo ou do xiiismo, desprezados já historicamente pelo islamismo ortodoxo do governo.Por último, as redes sociais converteram-se num novo campo de batalha onde setores nacionalistas criticam o eleitorado turco que apoia o HDP. Forçou-se a esquecer rapidamente as vítimas do atentado a Suruç, assim como todas as manifestações e protestos realizados na rua, com os acontecimentos que se produziram posteriormente. A morte de membros da polícia e do exército turco facilitou assim a beligerante postura do governo face ao povo curdo elevando os soldados mortos à figura de mártires (Na Turquia, os membros do exército caídos em serviço em atentados são chamados sehit – mártir -, e venerados sempre nos veículos de comunicação acima de qualquer vítima civil).Garoto segura a bandeira do PKK, na Turquia | Foto: Dogan ErolIncógnitas depois do atentadoA comoção criada pelo sangrento atentado em Suruç obrigou o governo a uma mudança de discurso. Os primeiros protestos na rua dirigiram-se contra o governo do AKP e forçaram a que este criticasse o EI apesar da passividade mostrada até esse momento, evitando sempre os comentários diretos. O atentado de Suruç deixou muitas incógnitas abertas como o fato de a polícia, apesar de ter posto um controle para todos os que entravam no recinto do Centro Cultural Amara onde se encontrava a juventude que ia para Kobane, não ter detectado o agressor que levava a bomba no corpo. Além disso, o controle estava situado a 200 metros do centro, onde os efeitos da bomba não chegaram, e não no próprio recinto. Por outro lado, um relatório do Partido Republicano do Povo (CHP), o principal partido da oposição e legado do kemalismo, criticou que “o principal apoio logístico ao EI é recebido da Turquia” e registrou que não foi permitido a nenhum membro do HDP entrar no recinto após os fatos - um partido, o HDP, que também sofreu um atentado no final da campanha.Apenas dois dias depois do atentado, dois membros da polícia foram encontrados mortos na sua casa em Ceylanpinar, na província de Sanliurfa, onde se encontra também Suruç. O PKK reconheceu a autoria do ataque e, segundo a agência de notícias curda Firat, tratou-se de uma operação de castigo, já que os polícias tinham fortes laços ao EI. Na mesma noite, segundo informou a agência Anadolu Ajans, Mürsel Gül, supostamente membro do EI, foi assassinado a tiro por membros do Movimento da Juventude Revolucionária Patriota (YDG-H), um grupo urbano ligado ao PKK. Nas primeiras declarações, o presidente Recep Tayyip Erdogan chamou a atenção para “o duplo perigo com que a Turquia se confronta, o Estado Islâmico e o PKK”, preparando o terreno para um ataque direto, e criticando todo aquele que colocava o EI como único inimigo do país, sem atacar verbalmente o PKK.Dentro desta espiral de atentados, no dia seguinte, a 23 de julho, um sargento do exército turco, Alçin Nane, foi assassinado a tiro na fronteira com a Síria por membros do EI. Segundo a informação do Habertürk, o incidente ocorreu quando soldados turcos impediram a entrada de membros do EI que levavam um ferido para ser tratado num hospital turco. Após a recusa, os membros do EI abriram fogo acabando com a vida do sargento. A entrada de membros do Estado Islâmico, incluindo o seu tratamento em hospitais turcos, já tinha sido denunciada em mais de uma ocasião. Em junho do ano passado, o deputado do CHP, Muharrem Ince, denunciou que um alto comandante do EI estava a ser tratado num hospital de Hatay e que o EI fornecia petróleo ao governo. Segundo o deputado Ilhan Cihaner (CHP), em janeiro deste ano quatro comandantes do EI, combatentes na Líbia, foram tratados em Istambul. Em março de 2015, o militante do EI Emrah Ç., de nacionalidade turca, foi tratado na cidade de Denizli. Os movimentos na fronteira e a facilidade com que membros do EI entram em território turco têm sido confirmados em numerosas ocasiões por fontes locais e jornalísticas das províncias fronteiriças. No entanto, até então, não se tinha dado nenhuma baixa no exército turco, pelo menos oficialmente.A todos estes fatos, há que acrescentar uma declaração de guerra formal por parte da Turquia ao EI. No entanto, rapidamente se percebeu que o principal objetivo do AKP não era o EI mas os acampamentos do PKK em Qandil. Na noite de 23 de julho, quatro aviões turcos bombardearam alvos do EI e foi anunciada a morte de 33 combatentes. Na mesma noite, numa segunda operação, foram atacadas as bases do PKK no norte do Iraque, em Qandil, Zap, Metina, Basyan e Avashin. Até ao momento foram levadas a cabo mais duas operações aéreas, ambas dirigidas contra o PKK, e foi confirmada a morte de Önder Aslan aliás Servan Varto, um dos principais dirigentes da guerrilha.Militantes grupo armado de extrema-esquerda DHKP-C fazem a guarda de parentes das vítimas do ataque terrorista em Suruc, em manifestação/funeral de uma das vítimas, na capital da Turquia | Foto: Yasin AkgulTurquia apela à NATOAs primeiras reações internacionais fizeram um apelo ao fim da violência. Angela Merkel advertiu que, de qualquer forma, o processo de paz deve continuar. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional de Washington, Alistair Baskey, declarou: “Respeitamos o direito da Turquia, nossa aliada na NATO, se defender dos atentados terroristas do PKK”. A Turquia, como membro da NATO, apelou a uma reunião extraordinária da organização apoiando-se no Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, que diz que “As Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das Partes”. A reunião está prevista para esta terça-feira 28 de julho.A Polícia, entretanto, levou a cabo uma grande operação de detenções em larga escala em todo o país contra o terrorismo dirigida contra o EI, o PKK, o YDG-H, e o DHKP-C (Partido da Libertação – Frente Revolucionária do Povo), a organização oficialmente responsável pelo sequestro do procurador do caso Berkin Elvan e pela sua morte. Em apenas três dias houve 851 detenções em 34 províncias. Só em Istambul foram detidas 104 pessoas, das quais 37 são estrangeiras. A Polícia informou das detenções de Abu Hanzala e Abdul·lah Abdulayev, dirigentes do Estado Islâmico em Istambul. A 26 de julho, o diário Dikeninformou afirmou que todos os detidos por relação com o EI em Adiyaman tinham sido libertados sem acusações.Nos confrontos da Polícia com membros do DHKP-C no bairro de Bagcilar de Istambul houve uma morte, a da jovem curdo-alevita Günay Özaslan. A noite de 25 de julho foi uma das mais violentas desde os protestos de Gezi com ataques do PKK a esquadras de polícia em Siirt e Baglar (Amed), e de fogo cruzado em Nuysabin. Um carro bomba em Lice pôs fim à vida de dois soldados turcos e feriu mais quatro. Em Cizre, onde há protestos continuados pela morte de Ugur Özkan e pela matança de Suruç, a violência aumentou após o início das operações aéreas contra o PKK, e na noite de 25 de julho um manifestante, Abdul·lah Özdal, foi abatido a tiro. Também se ouviram duas explosões em Suruç sem que houvesse vítimas.Em 26 de julho, a polícia de Istambul foi ao bairro de Gazi, habitado maioritariamente por alevitas, e inclusive, atacou o funeral de Günay Özaslan, morta na noite anterior em Bagcilar. Os confrontos ainda continuam e há vários feridos, um deles ferido na perna por uma cápsula da Polícia. Quando a Polícia tentou entrar num edifício onde se refugiavam os manifestantes, o agente Muhammet Fatih Sivri foi ferido no peito por disparos, morrendo depois no hospital. Posteriormente, o acesso ao bairro foi fechado e as operações policiais continuam.A Grande Marcha pela Paz planeada para 26 de julho em Istambul depois do atentado de Suruç foi proibida pelo governador de Istambul. Um pequeno grupo concentrou-se para dar uma conferência de imprensa na praça Aksaray com várias personalidades políticas, destacando-se a secretária geral do HDP, Figen Yüksekdag, e membros do sindicato DISK e do Partido da Liberdade e do Socialismo (ÖDP). Nas suas declarações ela criticou Erdogan: “O que perdeu nas eleições, tenta ganhar agora com a guerra”.À campanha militar iniciada pelo AKP uniram-se, dando todo o apoio, os meios de comunicação mais próximos. O diário Aksam publicava a seguinte manchete na capa: “Quem semeia ventos colhe tempestades”; o diário Star, “Os que testam a força da Turquia com o terror já têm a resposta: agora pensem duas vezes”; o diário Takvim, sem citar na capa o Estado Islâmico, dirigia o principal título contra o PKK. “450 mísseis para 400 objetivos”; o diário Yeni Akita: “Responda a elas na língua que entendem”; e o diário Yeni Safak: “Vai-se até ao fim”. Entretanto, foi bloqueado o acesso às principais agências de notícias curdas, entre as quais Firat Haber Ajansi(ANF), Dicle Haber Ajansi (DIHA) e Hawar Haber Ajansi (Anhai), limitando o acesso mediante servidores VPN ou ZenMate.

Governo turco declara guerra ao povo curdo
Por Marc Saurina, direto de Ancara


Com o pretexto de combater o Estado Islâmico, o exército turco abre uma nova frente com o  ataque a posições curdas do PKK no norte do Iraque. O governo conservador turco também criminaliza publicamente o Partido Democrático do Povo (HDP). Seria o começo de uma limpeza étnica na Turquia?

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