Guerrilha [GRR] é cultura urbana e midia independenteGuerrilhaTumblr (3.0; @guerrilhagrr)http://www.guerrilhagrr.com.br/Whatsapp e Netflix na mira: Eduardo Cunha entra em campo...<img src="http://40.media.tumblr.com/b28b8081c4f246693f2e32273edffb8b/tumblr_nsuklndq1H1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Whatsapp e Netflix na mira: Eduardo Cunha entra em campo novamente contra a internet livre<br/><i>Por Todd Tomorrow</i></b><i><br/></i></p><p>Entre 2013 e 2014, o agora presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, tentou entregar os direitos dos usuários de internet para as operadoras de telefonia no âmbito do Marco Civil da Internet. O ataque contra a neutralidade da rede era uma tentativa de fracionar a internet brasileira e nós, usuários, teríamos de pagar por cada serviço. Usa e-mail? Paga um valor. Usa youtube? Mais uma taxinha. Facebook? Um adicional de tanto. O deputado chegou a afirmar que essa rede neutra e ilimitada era um modelo comunista de internet. Felizmente, ele não conseguiu ainda que tenha ameaçado lograr êxito. <br/></p><!-- more --><p>Agora, representantes dessas mesmas operadoras articulam com o mesmo deputado uma forma de alterar a regra tributária e a regulamentação dos serviços do whatsapp e do Netflix. Ele que sempre foi considerado um dos maiores lobistas de uma infinidade de conglomerados empresariais em detrimento dos interesses da população e que é considerado um herói dos ‘liberteens’ que ignoram os efeitos nefastos do financiamento empresarial de campanhas eleitorais. <br/><br/>Comenta-se que ao garantir uma quantia obscena de recursos, que certificou sua campanha eleitoral como a segunda mais cara dentre todos os 513 deputados eleitos, foram tantas as empresas que desejavam financiar sua campanha e assim estar sob a proteção do seu guarda-chuva, que Cunha conseguiu financiar, direcionando as ofertas de doação eleitoral excedentes para mais de 20 campanhas eleitorais de aliados eleitos só na Câmara Federal! Teriam recebido parte da bonança candidatos de seu partido, o PMDB e de outros como o PSC, DEM e SDD. <br/><br/>Cunha não precisará encampar pessoalmente a proposta das operadoras contra os serviços do whatsapp e Netflix, como o fez no Marco Civil da Internet, até em razão de ser presidente da Casa. Hoje ele é uma figura nacional. Desconfio que está em processo de escolha o nome do capanga que levará a proposta. <br/><br/>Não por coincidência foi instalada uma Subcomissão Especial dos Serviços de Telefonia Móvel e TV por Assinatura que tem debatido, sem acompanhamento da sociedade civil organizada, o modelo da prestação dos serviços de telecomunicações no país. A alegação para a criação dessa subcomissão é este: “O colegiado busca propostas para o aperfeiçoamento do modelo regulatório dos serviços de telefonia móvel e TV por assinatura, ouvindo agentes públicos, privados e representantes da sociedade civil ligados ao setor.” <br/><br/>Não importa se você defende ou não algum campo de orientação econômica, seja neoliberal, marxista, keynesiano, etc. A política está sendo tocada na Câmara dos Deputados num nível inédito de fisiologismos, clientelismos e nos piores interesses imagináveis e não em correntes de pensamento.</p><hr><p><i><b>» <a href="https://www.facebook.com/todd50505">Todd Tomorrow</a>, militante de direitos humanos e membro fundador do coletivo <a href="https://www.facebook.com/pedranosapato">Pedra no Sapato</a>.</b></i></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/126309348080http://www.guerrilhagrr.com.br/post/126309348080Sun, 09 Aug 2015 23:34:35 -0400Os nefastos reis do Petróleo na Somália: empresa de político...<img src="http://36.media.tumblr.com/1252be1c589928d439650c51d923bc04/tumblr_nsn1rxAbsV1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Os nefastos reis do Petróleo na Somália: empresa de político britânico é investigada por corrupção e lobby.<br/><i>Por Guilherme Vidal | Na foto: Lord Michael Howard </i></b><i><br/></i></p><p>Localizada na parte mais oriental da África, a <b>Somália</b> pertence ao chamado Chifre Africano - composto por Eritréia, Djibouti, Etiópia, Quênia e Somália. Seguramente, você já deve ter escutado falar dos piratas somalis. E, isso se deve ao fato do país encontrar-se, ao norte de seu território, com o Estreito de  Bal-el-Mandeb (ponto de ligação do Mar Vermelho ao Oceano Índico), uma região com intenso trânsito de petróleo.</p><!-- more --><p>De tempos em tempos, a opinião pública europeia faz um grande alarde sobre navios saqueados na costa da Somália. Além disso, o país também ocupa as manchetes internacionais quando o assunto é imigração ou terrorismo<b>[¹]</b>. Entretanto, são raras as reportagens que tecem uma reflexão sobre a natureza histórica dos problemas sociais da região. </p><p>Foram 22 anos de uma ditadura militar, ora alinhada com a URSS, ora com os EUA. Com derrubada do Ancien Régime, em 1991, o país mergulhou em guerra civil. No início do conflito, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma intervenção liderada pelos ianques<b>[²]</b>, que permaneceu até 1995. Com a virada do milênio, o Estado entrou em colapso com o surgimento de grupos armados, incluindo radicais islâmicos, grupos étnicos e tribais. No final de junho de 2006, a União dos Tribunais Islâmicos capturou a capital Mogadíscio. Os anos que se sucederam foram de intervenções da aliança Etiópia/EUA e das tropas da União Africana contra o grupo islâmico. </p><p><b>Presidente amigo do Ocidente </b></p><p>Após o estabelecimento de um governo de transição(2009), as eleições presidenciais tornaram o candidato ligado a Irmandade Muçulmana, Hassan Sheikh Mohamud, o novo governante do país. Ativista político e fundador da Universidade de Mogadíscio, além de defensor do neoliberalismo, o novo presidente se tornou, em 2013, segundo a revista Times, um dos 100 homens mais influentes do mundo. </p><p>Todo esse poder emana das riquezas naturais da Somália. São 200 bilhões de m³ de gás natural(comprovados) e estima-se 100 bilhões de barris de petróleo. No mesmo ano da publicação da Times, o presidente, apoiado pelos britânicos/americanos, estimulou a abertura da exploração petrolífera, além de reforçar o controle militar das localidade próximas às reservas. </p><p><b>O sopro branco de Londres</b></p><p>O currículo do Lorde Michael Howard(ex-líder do Partido Conservador Britânico) é para nenhum Kim Kataguri colocar defeito. Durante o período Thatcher foi ele o condutor do processo de privatização do sistema de água, fato que contribuiu para a sua promoção ao cargo de ministro do trabalho(1990-1993). Nesse período, o lorde foi responsável por flexibilizar as regras trabalhistas, que geraram demissões em massa. Sua política neoliberal beneficiou o grande empresariado do carvão. </p><p>Sua aproximação com o setor energético culminou com o seu cargo de ministro do interior(1993-1997). Mais tarde, a parceria lhe renderia bons frutos. Em 2013, o Lorde associava-se ao executivo da British Petroleum e ao controlador Robert Sheppard da DTEK Holding(maior empresa privada de energia da Ucrânia) para criar a SOMA Oil and Gás. </p><p><b>O ponto que a trama fica interessante </b></p><p>Segundo Global Witness, Michael Howard teria enviado uma carta à Michael Fallon, quando ministro dos negócios do Reino Unido, pedindo um grande favor: se encontrar com o ministro da energia da Somália para discutir “os desafios de desenvolver um regime de hidrocarbonetos”. (2012)</p><p>Em 2013, com apenas três meses de existência, a empresa do Lorde Britânico conseguiu permissão para explorar e pesquisar o petróleo da Somália. Recentemente, a Serious Fraud Office(SFO), um escritório governamental de investigações, tem divulgado em sua página na internet todas as informações sobre a SOMA Oil and Gás. Segundo as investigações, a empresa foi criada, exclusivamente, para atuar no mercado de petróleo do Chifre Africano, logo após da ONU pedir moratória sobre todas as novas ofertas de petróleo na Somália.</p><p>O Governo da Somália parece tentar reconstruir o país adotando o modelo neoliberal de estímulo da economia que, nesse caso, seria o de privatização de investimentos e aceitação do capital internacional para extração de recursos naturais. Entretanto, os acordos de exploração do petróleo estão sendo feitos a portas fechadas - em um país devastado por guerras- com empresas de histórias recentes. Dentro desse acordo, a SOMA Oil and Gás teria ganhado 12 blocos de petróleo OffShore para realizar uma pesquisa sísmica na costa do país. </p><p>Ademais, os dados do contrato firmado com o governo da Somália não foram divulgados no parlamento somali, ora, levantando questões sobre quem são as pessoas envolvidas/valor do negócio. Segundo reportagem do Wall Street Journal, verificou-se que um diretor da SOMA, Mohamed Ajami, estava sob investigação do Departamento de Justiça dos EUA. O empresário teria sido acusado de ter feito subornos para persuadir o Libyan Investment Authority - da era Gaddafi - à investir 300 milhões de dólares(dinheiro da Líbia) no fundo de hedge Och Ziff. <br/></p><h2><b>****</b><br/></h2><p><b>1</b> - Recentemente, a mídia internacional está noticiando os atentados do Al-Shabaab - uma organização filiada à rede Al-Qaeda. Essa semana, o grupo realizou um atentado, com treze baixas, em um hotel onde estariam autoridades internacionais. Além disso, a mídia europeia, sobretudo, abordam diariamente o problema da imigração. Somalis estão sendo cada vez mais expostos ao preconceito em países como a França e a Itália. - Ref: <a href="http://oglobo.globo.com/mundo/tsunami-migratoria-mais-de-103-mil-refugiados-chegaram-europa-pelo-mediterraneo-em-2015-16389320"><i>O Globo</i></a><br/></p><p><b>2</b> - Os Estados Unidos entraram no conflito para defender posições imperialistas e obter o controle de parte do petróleo da Somália<i>. - Ref: <a href="http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Movimentos-Sociais/A-guerra-na-Somalia-e-os-interesses-dos-Estados-Unidos/2/12368">Carta Maior</a></i></p><hr><p><b><i>» Guilherme Vidal é pesquisador em ciências econômicas e colunista pelo coletivo Guerrilha</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125975934665http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125975934665Wed, 05 Aug 2015 22:04:45 -0400II Copa dos Refugiados: imigrantes jogam futebol por...<img src="http://41.media.tumblr.com/3dd454a125a07a15e8455abbd85b8f15/tumblr_nsji8afisG1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>II Copa dos Refugiados: imigrantes jogam futebol por empoderamento<br/><i>Por Robin Batista</i></b><i><b> | Fotos: Gabriel Soares</b><br/></i><br/></p><p>No último fim de semana (1 e 2 de Agosto), rolou em São Paulo a II Copa dos Refugiados, organizado por imigrantes que se refugiaram no Brasil por conta de guerras e outras violências que sofriam em seus países. O evento tem apoio de Caritas-SP e ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).</p><!-- more --><p>A ideia da confraternização é usar o futebol, linguagem quase universal, para visibilizar e empoderar essas pessoas que vivem em situações tão vulneráveis e que, fugindo de tantos problemas sociais e humanitários, ainda passam por sérias privações aqui no Brasil, já que não falam o português, não possuem emprego, não têm moradia e têm grandes dificuldades de acesso a serviços básicos como educação e saúde.</p><p>A Guerrilha colou no 1° dia da II Copa dos Refugiados e registrou algumas partidas no trampo foda do nosso fotógrafo Gabriel Soares. Confere aí:</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/f876b4f8fed207991d3bc039e96e5988/tumblr_inline_nsji41gNYB1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/d15fd98cd308d60573ca8540e1182d3e/tumblr_inline_nsji47KEN31sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/d15a24d26028ea977cf427a642c3a62a/tumblr_inline_nsji4dwkma1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/6862cfecab8ae0d3b050365cd1098618/tumblr_inline_nsji4kXx6d1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/a3c46e0659882e9fa78cf52f41578622/tumblr_inline_nsji4qWjir1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/94d0bdbfa10cb9c60862c69835d73ae4/tumblr_inline_nsji4vwPy91sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="680" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="680" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://36.media.tumblr.com/e5d78e4f1456a7d9b2706c39e1abeac0/tumblr_inline_nsji51Lchg1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="680" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="680" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/af4126519c4d9eab57b278755e023c55/tumblr_inline_nsji5aQeO81sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/38b30f82af3e5bb0514f96cae78374a2/tumblr_inline_nsji5pRSBC1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/42beb17f07516bef6a83340895b73a45/tumblr_inline_nsji64wz9S1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://36.media.tumblr.com/9034671f3f247314db39e0940cc4c036/tumblr_inline_nsji69L1QB1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>‘</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/10ccfc450fc1be3e17151b858c37737d/tumblr_inline_nsji6jf70T1sb3lre_540.jpg"/></figure><hr><p>» <b><i>Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125816111735http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125816111735Tue, 04 Aug 2015 00:09:46 -0400imigrantsimigrantessao paulorefugeeCansados de esperar pelo Governo, indígenas fazem autodemarcação...<img src="http://40.media.tumblr.com/097342b4230bd12e51c7aaff4bf400f1/tumblr_nsdyzxCquQ1tuftuqo1_r1_500.png"/><br/><br/><p><b>Cansados de esperar pelo Governo, indígenas fazem autodemarcação de terras no Pará<br/><i>Por Robin Batista</i></b><i><br/></i><br/>Há algumas semanas atrás, o povo Mundukuru do Rio Tapajós iniciou a autodemarcação da terra indígena Sawre Muybu, depois de muito esperar pelas autoridades de Brasília e sem ter nenhuma solução.</p><!-- more --><p>A autodemarcação, que recebeu apoio de povos indígenas e não-indígenas, foi acompanhada de uma carta que explica o processo e a necessidade de resistência na luta pelo reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.</p><p>Leia abaixo a carta na íntegra:</p><h2><b>IV CARTA DA AUTODEMARCAÇÃO</b></h2><p>Nós Munduruku, do alto e médio Tapajós, estamos dando continuidade com a segunda etapa da autodemarcação de IPI WUYXI IBUYXIM IKUKAP- DAJE KAPAP EYPI.</p><p>Em cinco dias na floresta, concluímos seis pontos da autodemarcação e presenciamos rastros de destruição, feitos pelos ladrões invasores de nossas terras: madeireiros, palmiteiros e grileiros.</p><p>No segundo dia, acompanhando o rastro dos madeireiros, encontramos dificuldades para a alimentação, estávamos há dois dias sem encontrar caça. A gente sabe que onde há presença de zoada de trator, de moto-serra, e com a circulação de pessoas no ramal a caça fica extinta, esses animais não suportam sentir esse cheiro humano. Estamos falando a respeito disso em razão de presenciar essa cena durante a autodemarcação.</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="782" data-orig-width="1232"><img data-orig-height="782" data-orig-width="1232" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/e2e3584813bd281f8a438486ac72a714/tumblr_inline_nshklkyVoy1sb3lre_540.png"/></figure><p> <br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="802" data-orig-width="1259"><img data-orig-height="802" data-orig-width="1259" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/9ff7e712a4b8f9436dbddb688c95680b/tumblr_inline_nshkm5ZoEb1sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>Fotos: Anderson Barbosa / Fractures Photo Collective</i><br/></p></blockquote><p>Depois que a gente varou no ramal dos madeireiros, vimos uma trilha, uma ponte, que eles fazem para carregar madeira e palmito de açaí. Vimos também a roça deles. Isso aqui é uma estrada para puxar madeira e palmito. Como a gente está autodemarcando agora, percebemos que está dentro da nossa área.</p><p>Estamos vendo aqui a destruição que o pessoal está fazendo no açaizal. Quem começa tudo isso são os madeireiros. Eles fazem o ramal e os palmiteiros vem atrás destruindo o açaizal. A gente estava preservando para tirar o açaí para os nossos netos, estamos vendo que não temos mais quase nada na nossa terra. Daqui que a gente tira a fruta para dar o suco aos nossos filhos e agora estamos vendo a destruição. Sempre dizemos que o pariwat (branco) não tem consciência disso.</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="638" data-orig-width="1007"><img data-orig-height="638" data-orig-width="1007" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/7f51687c137e4a3167a541eec681ffac/tumblr_inline_nshkmzlF7u1sb3lre_540.png"/></figure><p> <br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="647" data-orig-width="1014"><img data-orig-height="647" data-orig-width="1014" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/52b017c514f215d9389a462b1667d327/tumblr_inline_nshkndgCT91sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>Fotos: Nayana Fernandez</i><br/></p></blockquote><p>Por isso que estamos fazendo a autodemarcação, porque os pariwat estão destruindo as árvores, nós não fazemos ao modo deles. A intenção do pariwat e do governo federal é só destruir mesmo, e a intenção do indígena é preservar. Por que a gente preserva? Porque esse patrimônio foi dado a nós por nosso guerreiro Karosakaybu, a terra é a nossa mãe de onde tiramos nossa sobrevivência e onde podemos viver de acordo com a nossa cultura.</p><p>Daje Kapap Eypi é um lugar sagrado para todo o povo Munduruku, seja do alto ou médio Tapajós. Temos que preservar a nossa natureza, o nosso rio, os nossos animais e as nossas frutas, deixadas por Karosakaybu.</p><p>Estamos realizando a autodemarcação para mostrar que essa terra é nossa, para que os brancos respeitem a nossa terra. Queremos ter autonomia em nossa terra, queremos que nós, indígenas, possamos ser os fiscais e protetores dessa terra como sempre fomos.</p><p>Continuamos aqui na autodemarcação e não sabemos o que vamos encontrar pela frente…</p><p><b>Sawe!</b></p><p>11 de julho de 2015, aldeia Sawre Muybu, médio Rio Tapajós.</p><p><b>****</b></p><p>A carta também foi publicada em inglês no <a href="http://upsidedownworld.org/main/news-briefs-archives-68/5411-brazil-munduruku-indigenous-community-struggle-is-stronger-than-ever">Upside Down World</a>, dos EUA, e em espanhol no <a href="http://subversiones.org/archivos/117256">Subversiones</a>, do México.</p><hr><p>» <b><i>Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125726207795http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125726207795Sun, 02 Aug 2015 23:08:10 -0400Zé Maria: “Não defendemos impeachment. É preciso construir uma...<img src="http://40.media.tumblr.com/502ba6d3eecb8eec12e83926ba41f17d/tumblr_nsdvgnPutL1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Zé Maria: “Não defendemos impeachment. É preciso construir uma alternativa da classe trabalhadora”<br/></b></p><p>Na última semana, muito se especulou sobre declarações de Zé Maria, militante do PSTU e candidato à Presidência da República por este partido em 2014, a respeito da atual conjuntura política do Brasil. Uma fala que dizia ser necessária a construção de uma alternativa da classe trabalhadora, foi transformada em “convocação de impeachment”. Num mar de lama de desinformação, blogs e sites que recebem verba de publicidade do governo federal se confundem facilmente com os mesmos veículos que criticam. <br/></p><!-- more --><p>Para entender melhor a posição do partido sobre a conjuntura, leia abaixo a entrevista com Zé Maria, por Francisco Toledo:</p><p><i><b>Afinal, o PSTU apoia ou não o impeachment da presidenta Dilma Rousseff?</b></i></p><p>Não defendemos. O impeachment implica em colocar nas mãos do Congresso Nacional que aí está a solução da crise. E este Congresso está metido até o pescoço neste mar de lama da corrupção que estamos vendo no país neste momento. E tem sido sócio do governo Dilma para aplicar o ajuste fiscal e atacar o direito dos trabalhadores. O Aécio Neves posa de oposição mas defende a mesma política econômica que o PT. Então tirar Dilma pra deixar o Temer, para entrar o Eduardo Cunha ou o Aécio seria trocar o seis pela meia dúzia, não mudaria nada.</p><p>Por isso nossa proposta não é o impeachment, e sim construir uma mobilização dos trabalhadores e da juventude para tirar todos eles: Dilma, Temer, Aécio, Eduardo Cunha, toda a corja. Se nesta luta construirmos condições para que assuma um governo de trabalhadores, apoiado em nossa luta e nas nossas organizações, melhor. Se não tivermos força para tanto, temos de exigir pelo menos novas eleições gerais, para trocar todo mundo, de presidente a deputado…</p><p><i><b>Em matéria da Carta Capital, chegou a ser especulado até a adesão do partido aos protestos comandados por grupos de direita. Qual a sua posição sobre esses veículos que insistem em denegrir a imagem da oposição de esquerda ao governo Dilma?</b></i><br/></p><p>Infelizmente essa é a situação que temos na grande imprensa. Uns são vendidos para a direita tradicional, outros vendidos ao governo do PT. Ao invés de procurar o PSTU (e eles têm os nossos telefones) para saber o que pensamos, preferem divulgar calúnias para tentar desqualificar os que se opõem a eles. É da natureza deste tipo de mídia.</p><p>Por isso é importante o papel dos meios alternativos, como o que vocês desenvolvem aqui. São um oásis no meio deste deserto de informação em que ficamos se dependemos da grande mídia.</p><p>Mas este tipo de artimanha destes meios mostra também a fragilidade dos argumentos deles. Sabem que estão defendendo o indefensável, por isso precisam mentir. Nós estamos pedindo à Carta Capital que publique uma nota nossa. Vamos ver o que farão <i>[Carta Capital já atualizou a referida notícia com a nota do PSTU].</i><br/></p><p><i><b>Qual deve ser a postura ideal da esquerda diante do que vem acontecendo?</b></i></p><p>Nesta polarização entre PT de um lado e PSDB de outro, a esquerda precisa lutar contra os dois. Precisa ajudar nossa classe, que está revoltada com este governo, a organizar a luta para colocá-lo para fora. Mas colocar pra fora não só o governo do PT, como também Aécio do PSDB, Temer e Eduardo Cunha do PMDB. Todos os que estão atacando nossos direitos e roubando recursos públicos. A direita está na oposição burguesa, mas está também no governo do PT. Não se trata de esquerda contra direita, são dois blocos de direita.<br/>E dois blocos corruptos da mesma forma. Aécio tem a cara de pau de criticar o PT pela corrupção (que de fato este partido está patrocinando), sendo que ele próprio foi financiado pelas mesmas empreiteiras que financiaram o PT e Dilma. São farinha do mesmo saco.</p><p>Então, a esquerda tem de romper com o governo para organizar a luta contra ele, pois é daí que estão vindo os ataques contra nossos direitos. E, por esta via, combater também a oposição burguesa. Precisa romper com o governo e convocar uma greve geral que possa derrotar o ajuste fiscal, o governo e está oposição de mentirinha, chefiada pelo PSDB que aí está. Este é o caminho porém a esquerda precisa se unir e lutar.</p><p>A CSP-Conlutas está lutando junto às demais centrais sindicais e movimentos populares justamente para tentar construir este caminho. É errado reforçar as mobilizações convocadas pelo PSDB, mas é errado também chamar manifestações “contra a direita” que são manifestações que de fato são para defender o governo. Atitudes assim acabam ajudando a oposição burguesa, pois jogam a classe trabalhadora, que quer lutar contra o governo, nos braços do PSDB, que aparece como o único contra o governo, enganando os trabalhadores, como se fosse oposição.</p><p>Precisamos construir um outro campo, de classe, para lutar contra os dois. Amanhã, 30 de julho, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo, vai acontecer reunião convocada pela CSP-Conlutas para impulsionar a construção deste campo dos trabalhadores. É preciso que os demais setores da esquerda se somem a este esforço.</p><p><i><b>Você acha possível a construção de uma greve geral mesmo com centrais como a CUT e movimentos como o MST insistindo em defender o governo petista?</b></i></p><p>Precisamos lutar para que isso aconteça, pois seria melhor para os trabalhadores. Mas trata-se de uma situação difícil. No entanto, chamá-los a que o façam é necessário, em primeiro lugar porque se vierem para a luta vai ser positivo para os trabalhadores. Se não vierem, queremos que isso fique claro para as bases destas organizações, para que elas abandonem estes chefes e venham para a luta apesar deles.</p><p>Não podemos descartar que se possa construir uma mobilização geral no país, que leve mesmo a uma greve geral, com as bases passando por cima delas. Essa é a batalha do PSTU neste momento.</p><blockquote><p><b>Assista na íntegra o vídeo do jornal Opinião Socialista, em que Zé Maria falou sobre o assunto:</b></p></blockquote><figure data-url="https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DtiVi4JbEd0g" data-orig-height="304" data-orig-width="540" data-provider="youtube" class="tmblr-embed tmblr-full"><iframe src="https://www.youtube.com/embed/tiVi4JbEd0g?feature=oembed" frameborder="0" height="304" width="540"></iframe></figure>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125564633740http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125564633740Fri, 31 Jul 2015 23:09:59 -0400pstuze mariaimpeachmentdilmagovernoGraffitaço em SP contra higienismo da gestão HaddadPor Robin...<img src="http://40.media.tumblr.com/8b98e10916234651411c0cc1612a0b6d/tumblr_nsc62j6nes1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Graffitaço em SP contra higienismo da gestão Haddad<br/><i>Por Robin Batista</i></b><br/></p><p>Nesse domingo, trabalhadoras e trabalhadores e o povo de rua que convive num espaço que existe debaixo do Viaduto Alcântara, na região do Brás, em São Paulo, farão um <b>“graffitaço”</b> contra o higienismo imposto por Haddad e que beneficia grandes corporações, como Itaú e Porto Seguro. O ato tem apoio do <b>Coletivo Autônomo das Trabalhadoras Sociais</b>.</p><!-- more --><p>Segundo <b>Pâmela Maria</b>, uma das meninas que estão agitando a realização do ato, <i>“existe a ideia de colorir o espaço (que não recebe tinta nova há anos), mas principalmente visibilizar esse local onde, além de existir uma tenda de assistência ao povo de rua, é o espaço onde estão as malocas, que são a moradia dessas pessoas enquanto esse direito não lhes é garantido. Hoje a prefeitura quer fechar essas tendas (são três só pela Radial), quer jogar os mais pobres da cidade mais pra lá, quer sumir com eles e elas do centro.”</i></p><p>As trabalhadoras que estão convocando o ato também acreditam que eventos públicos, contra-culturais, que mobilizem e/ou chamem a atenção da comunidade que cerca o viaduto e de pessoas e coletivos que possam se tornar parceiros, fortalece a pauta. .</p><p><b><i>“Somos acolhidos e a voz do povo de rua (que pede por moradia e dignidade, pelo fim da violência policial e política) seja mais ouvida e entendida. Fazemos outros eventos na tenda, como saraus e cinedebates, e quando pessoas ‘de fora’ colam, quebramos os mitos e preconceitos entre “cidadãos” versus povo de rua, estreitamos os laços de solidariedade e luta”</i></b>, conclui Pâmela.<b><i><br/></i></b></p><p>O ato acontece nesse domingo (02/08) e a Guerrilha vai colar junto! Venha com seus sprays, rolos e pincéis pra pixar, graffitar, fazer stencil ou lambes.</p><p><b>Onde:</b> Avenida Alcântara machado, 888 (esquina com a Rua Piratininga) - 5 min do metrô Brás, São Paulo.<br/><b>Quando:</b> Domingo (02/08), das 11h às 22h <br/></p><p><i><a href="https://www.facebook.com/events/427147994156881/"><b>Confirme presença no evento aqui</b></a></i><br/></p><p><b>[Recado das minas: machistas NÃO são bem vindos]<br/></b></p><p><b>PINTE Y LUTE!</b></p><hr><p>» <b><i>Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125490611070http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125490611070Fri, 31 Jul 2015 01:03:55 -0400Para onde foi o dinheiro entregue à Grécia desde 2010?Por...<img src="http://41.media.tumblr.com/244cb5cc94297e16ed47bd7caea35ee7/tumblr_ns972xoedN1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Para onde foi o dinheiro entregue à Grécia desde 2010?<br/><i>Por Eduardo Garzón</i></b><i><br/></i><br/>De 2010 até agora a Grécia recebeu muitíssimo dinheiro 262 bilhões de euros) das instituições europeias e do FMI. No entanto, só 10,3% de todo esse dinheiro acabaram nas mãos do Estado. <br/><!-- more --><br/>De 2010 até agora a Grécia recebeu muitíssimo dinheiro (262.060 milhões de euros) das instituições europeias e do Fundo Monetário Internacional (FMI), incluindo os dois resgates de 2010 e 2012 e também o empréstimo de emergência de 20 de julho de 2015. No entanto, só 10,3% de todo esse dinheiro (27 bilhões de euros) acabaram nas mãos do Estado. Os 89,7% restantes não serviram para cobrir despesa pública corrente (pensões, salários, segurança social, etc.) mas foram destinados a pagar a antigos credores e a recapitalizar bancos.<br/><br/>Como se pode ver no gráfico abaixo, 32,4% de todo o dinheiro recebido foi utilizado para pagar a dívida que tinha sido contraída com bancos privados e com o Banco Central Europeu. Evidentemente que isso não aliviou (nem aumentou) a dívida pública da Grécia, já que a única mudança é que o novo credor deixa de ser um banco privado para passar a ser uma instituição europeia ou o FMI. Os títulos de dívida (e portanto o risco) mudam de mãos privadas para públicas, mas a dívida mantém-se. Evidentemente, o Estado grego não pôde utilizar esse dinheiro para a sua ação quotidiana.<br/><br/>Mas esses antigos credores não emprestaram o seu dinheiro por solidariedade, mas para fazer negócio. Para isso, em cada ano cobravam e continuam a cobrar juros, que são os lucros que obtêm por terem emprestado o dinheiro. Bem, pois 15,7% de todo o dinheiro dado a Grécia foi usado para pagar esses juros da dívida aos credores. Neste caso sim se produz um aumento da dívida pública, já que a Grécia contrai uma nova dívida para com as instituições europeias e o FMI. Esse dinheiro também não pôde ser utilizado em despesa e investimentos públicos.<br/><br/>Dois anos após de o risco de ter dívida pública grega ter passado progressivamente de mãos privadas para mãos públicas, foi feito um alívio da dívida. Este consistia em que de cada 100 euros que tinha que devolver o Estado grego só ia devolver 47 euros. Isto é, o Estado grego comprou por 47 euros muitos títulos de dívida avaliados em 100 euros, e para isso precisou utilizar muito dinheiro. Todo esse dinheiro foi-lhe facilitado pelas instituições europeias, e a quantidade representa 17,5% dos montantes recebidos até à data. Essa quantidade aumentou a dívida pública, e também não serviu para despesa e investimento estatal.<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="453" data-orig-width="643"><img src="http://36.media.tumblr.com/19cc31d793b58d83c114188773e6d199/tumblr_inline_ns96x0JKsk1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="453" data-orig-width="643" alt="image"/></figure><blockquote><p>Planilha em espanhol, pela Equipe de Análise Econômico da Fundação FEC</p></blockquote><p>O Estado comprou muitos desses títulos de dívida aos próprios bancos gregos, que tiveram que registar importantes perdas (já que venderam por 47 euros algo que tinham comprado por 100). Para compensar essas perdas o Estado grego injetou neles muito dinheiro. E esse dinheiro provinha das instituições europeias e do FMI na forma de empréstimos, representando 18,6% dos montantes recebidos. É dinheiro que o Estado grego também não pôde utilizar para a sua atividade corrente, e que contribuiu para aumentar ainda mais a dívida pública.<br/><br/>Outros 5,7% do dinheiro recebido foram utilizados para devolver dívida que se tinha contraído ao FMI e aos fundos europeus de resgate (Mecanismo Europeu de Estabilidade e Fundo Europeu de Estabilidade Financeira). Dinheiro que aumentou a dívida pública e que não serviu para despesa e investimentos do Estado.<br/><br/>Por último, os restantes 10,3% também aumentaram a dívida pública mas sim chegaram às mãos do Estado, que utilizou essa quantidade para a sua atividade corrente (pagamento de salários, de pensões, de educação, etc).<br/><br/>Em conclusão, se é verdade que o Estado grego recebeu muitíssimo dinheiro da Europa e do FMI, também é verdade que a maioria do mesmo só tem servido para 1) resgatar bancos privados, tanto nacionais como internacionais, 2) contribuir para o negócio bancário ao pagar juros, e 3) satisfazer pagamentos comprometidos com organismos internacionais; enquanto que só uma reduzida proporção de 10,3% serviu para levar a cabo despesa corrente do Estado grego.<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="879" data-orig-width="1200"><img src="http://41.media.tumblr.com/5f060e8f9405295eb9e710ee3d09b6b5/tumblr_inline_ns970mCfLz1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="879" data-orig-width="1200" alt="image"/></figure><blockquote><p>Imagem do filme Wall Street, de Oliver Stone: a ganância dos bancos e a necessidade da existência de Estados falidos para fazer o capitalismo funcionar</p></blockquote>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125377536940http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125377536940Wed, 29 Jul 2015 18:24:56 -0400ultimasGréciaeconomiaausteridadebancosFMIcapitalismoUnião EuropeiaJulian Assange: “Google e Facebook trabalham como agências...<img src="http://40.media.tumblr.com/89d66e49ff64809c49f14b66eb05de3d/tumblr_ns9f65hox91tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Julian Assange: “Google e Facebook trabalham como agências de espionagem”<br/><i>Por Francisco Toledo</i></b><i><br/></i><br/>Em entrevista ao El Mostrador, do Chile, o jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, denunciou que grandes empresas de informação, como o Google e o Facebook, estão envolvidas em esquemas de investigações da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos. Ele ainda falou sobre a importância da comunicação independente e a atual situação da América Latina em relação à espionagem. <br/></p><!-- more --><p>Baseando suas denúncias em documentos publicados no seu último livro, “Quando o Google encontrou o WikiLeaks”, Assange ressaltou que a empresa – juntamente com o Facebook – tem se adequado ao modelo de espionagem proposto pela NSA. </p><p>“Google e Facebook fazem parte do negócio de ‘ser uma agência de espionagem’ da NSA. Eles reúnem todas as informações que podem, com o maior número de pessoas no mundo todo e colocam em enormes bancos de dados. É como se eles pescassem os peixes”, denunciou. </p><p>A grande crítica feita ao Google, segundo Assange, é de que a empresa, com seus seis bilhões de visitas diárias, tem uma capacidade de condicionamento do usuário jamais vista. “Eles montam uma relação de todos os interesses das pessoas para torná-las mais previsíveis e vender esses perfis para os anunciantes. Esse é o negócio. É algo que nunca foi visto”.</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="787" data-orig-width="1400"><img data-orig-height="787" data-orig-width="1400" alt="image" src="http://36.media.tumblr.com/4ddd5ae70a3fa41fdfd90bdfb9ab4cb0/tumblr_inline_ns9f3mMUSG1sb3lre_540.jpg"/></figure><p>Na Embaixada do Equador na Inglaterra, Assange recebe um dos maiores intelectuais do mundo, Noam Chomsky. Em 2015, ele completa três anos refugiado dentro da embaixada | Foto: Yui Mok</p><p><b>Crescimento dos veículos independentes<br/></b><br/>Usando o conceito “politização da internet”, Assange define o momento em que a sociedade e a internet se fundiram como a transição mais importante dos últimos cinco anos.<br/><br/>Para ele, a era digital tem contribuído com o maior número de informações disponíveis, além de dar maior poder ao cidadão comum. Esta pode ser uma forma, de acordo com o jornalista, de revitalizar a mídia independente. <br/><br/>“É um bom momento para ser uma mídia independente. O momento é extremamente vibrante. Há muitas oportunidades e desafios”, comentou. <br/><br/><b>Espionagem na América Latina<br/></b><br/>Especificamente sobre os países latino-americanos, Assange diz que não só jornalistas ou políticos estão sob os “olhos” da NSA. Para ele, qualquer pessoa que faça uso da rede tem seu nome dentro da lista negra do órgão norte-americano. <br/><br/>“Não é exclusivo para jornalistas. Todas as pessoas que usam essas megacorporações estão sob investigação. 98% das comunicações latino-americanas são interceptadas pela NSA, que repassam as informações para o mundo”.<br/><br/><br/><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125377533965http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125377533965Wed, 29 Jul 2015 18:24:54 -0400ultimasJulian AssangewikileakshackespionagemFacebookGoogleprivacidadeA importância da mídia independente nos dias de hojePor...<img src="http://40.media.tumblr.com/e1990a70229f049a39bd5861f9e7b9c1/tumblr_ns9mawcRQl1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>A importância da mídia independente nos dias de hoje<br/><i>Por Francisco Toledo<br/></i></b><br/>Faz tempo que, no Brasil, a maioria da população já não se sente mais confortável com o posicionamento dos grandes veículos de comunicação - principalmente na televisão. Mas pouco se fala sobre a importância da construção de uma mídia independente diante de retrocessos e monopólio - o último bastião do jornalismo contra a desinformação.<br/><!-- more --><br/>O ano é 1999. A cidade é Seattle, nos Estados Unidos. Protestos explodiram pela cidade contra o Banco Mundial, naquilo que seria reconhecido no futuro como o “movimento anti-globalização”. Foi naquela mesma época onde a Internet ganhava impulso nos Estados Unidos e Europa. E foi a Internet que tornou possível uma visão mais independente daquilo que ocorria nas manifestações e mobilizações políticas - surge o Centro de Mídia Independente.<br/><br/>De lá pra cá, muita coisa mudou. <br/><br/>As redes sociais surgiram, com toda a força. Twitter e Facebook se tornaram plataformas de relacionamento, mas ao mesmo tempo uma espécie de palco para discussões e divulgação de visões políticas. A mídia independente cresceu, e com ela o seu público.<br/><br/>Se em 1999 o acesso ao Centro de Mídia Independente era tímido, não se pode dizer o mesmo dos atuais grupos de comunicação independentes. Agora, estão espalhados ao redor do mundo, com uma rede de comunicação baseada na horizontalidade, se perpetuando através de outras mobilizações populares, como os Indignados na Espanha e o Occupy nos Estados Unidos.<br/><br/>E por outro lado, a mídia convencional ainda não parece estar preparada para isso. Principalmente no Brasil.<br/><br/>Apesar de que a maioria da população no Brasil ainda não tenha acesso direto aos conteúdos produzidos por coletivos como o Guerrilha, a desconfiança dessa mesma parcela em relação aos veículos tradicionais (revistas, jornais e canais de televisão) é gigantesca. Seja por desaprovação de conteúdo produzido ou por posicionamento político, religioso ou moral. E isso não é de hoje.<br/><br/>Faz tempo que essa desconfiança existe. Quem não se lembra de Leonel Brizola, tendo direito de resposta em pleno Jornal Nacional, onde disse mil e uma verdades sobre a Rede Globo? Desde lá o índice de confiança da população em geral já sofria uma queda brutal. Mas então, por que mesmo assim eles assistem e consumem a informação (ou desinformação) produzida pelos mesmos?<br/><br/>O que deve ser debatido aqui são as formas que a mídia independente tem hoje de conseguir atingir esse público, essa grande maioria da população que mesmo sentindo a necessidade de ouvir “um outro lado”, acaba não tendo o mesmo acesso que eu ou você ao nosso conteúdo, e ao conteúdo de milhares de iniciativas independentes de comunicação e cultura.<br/><br/>Raramente na história moderna casos assim ocorreram: a quebra de um poder da sociedade. Porque é isso que a grande mídia no geral, em todo mundo, é: um verdadeiro poder, ao lado do Estado, das empresas e das religiões. Algo que, para alguns, ainda é inquestionável. Mas para a maioria, já não é mais bem assim. <br/><br/>Analisando tudo isso, o último bastião do jornalismo contra o monopólio da desinformação é a mídia independente. E para alcançarmos o “impossível”, é preciso pensar além do possível. Tentar ao máximo fugir do padrão exigido, dos mecanismos utilizados pelos grandes veículos, das táticas desonestadas empregadas no coração da grande mídia. <br/><br/>De repente, um novo horizonte se abre. <br/><br/>O impossível é sim, possível.<br/><br/>E não basta sonhar. O crescimento da mídia independente é gradual, mas pode se tornar ainda mais forte - inclusive no Brasil. É necessário que tais iniciativas se unam em torno de um projeto em comum, pautando a democratização da mídia e novas formas de financiamento. Afinal, é o seu trabalho, o seu suor, o seu cansaço, a sua vida. <br/><br/>Impossível não achar possível. <br/><br/>Xô mesmice, xô!<br/><br/>O que estamos por ver no futuro próximo é a democratização da rede contra a manipulação. Porque já nos perpetuamos no campo de batalha, e já apresentamos as nossas armas. O que falta, agora, é partirmos para o enfrentamento. E venceremos.</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="900" data-orig-width="1296"><img src="http://40.media.tumblr.com/7faffa8a880574af1bbf187081a6e48c/tumblr_inline_ns9mvwq7xn1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="900" data-orig-width="1296" alt="image"/></figure><blockquote><p>Ativistas se mobilizam contra a lei da mordaça, na Espanha. Projeto afeta também o avanço das mídias independentes no país, após o “up” obtido pelas revoltas dos Indignados em 2011 | Foto: AFP</p></blockquote><p><b><i>» Francisco Toledo é fotógrafo e Gestor de Conteúdos e Projetos do coletivo Guerrilha GRR</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125368185910http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125368185910Wed, 29 Jul 2015 16:17:00 -0400ultimasmídia independentejornalismoinformaçãomídiaInternetliberdadeGoverno turco declara guerra ao povo curdoPor Marc Saurina,...<img src="http://41.media.tumblr.com/cc2d886c8b22fa9ec8c364e281030d43/tumblr_ns93p9twOL1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Governo turco declara guerra ao povo curdo<br/><i>Por Marc Saurina, direto de Ancara</i></b><i><br/></i><br/>Com o pretexto de combater o Estado Islâmico, o exército turco abre uma nova frente com o  ataque a posições curdas do PKK no norte do Iraque. O governo conservador turco também criminaliza publicamente o Partido Democrático do Povo (HDP). Seria o começo de uma limpeza étnica na Turquia?<br/><!-- more --><br/>O atentado de Suruç, que custou a vida a 32 pessoas, rompeu a frágil paz em que o governo provisório turco levava a cabo as negociações para formar governo. A série de ataques e incidentes nos dias seguintes provocou uma viragem no país que entrou oficialmente num confronto bélico com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e, indiretamente, com o Estado Islâmico (EI), um confronto criticado nas ruas com manifestações massivas pela paz mas apoiado por grande parte dos meios de comunicação. Até ao momento foram levadas a cabo quatro operações aéreas, uma na Síria contra o EI e três no norte do Iraque contra acampamentos do PKK nas montanhas de Qandil. O cessar-fogo do PKK, vigente desde 2013, é agora letra morta.<br/><br/>O governo do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) declarou guerra ao PKK rompendo assim com o processo de paz e virando as costas a milhões de curdos. Paralelamente, dedicou-se a criminalizar publicamente o Partido Democrático do Povo (HDP) - o principal partido pró-curdo -, que pode ser o principal prejudicado da operação militar após os bons resultados obtidos nas eleições de 7 de junho. Além disso, fecha qualquer porta de negociação e de integração entre turcos e curdos. A possibilidade de eleições antecipadas volta a aumentar enquanto os aviões turcos bombardeiam os acampamentos do PKK e atacam objetivos do EI. A operação, no fundo, pode ter conotações políticas e facilitar a que o AKP recupere votos cedidos ao MHP, o partido ultranacionalista turco contrário a qualquer tipo de pacto ou concessão à comunidade curda, ou ganhar novos eleitores no caso de eleições antecipadas.<br/><br/>A mobilização do exército na fronteira provocou um surto de violência no Curdistão turco, instrumentalizado pelos meios de comunicação e condicionando a opinião pública. Dentro do país, as únicas vítimas não são só curdas mas também, como é já costume no tempo do AKP, alevitas, de crença sincrética com influência do sunismo ou do xiiismo, desprezados já historicamente pelo islamismo ortodoxo do governo.<br/><br/>Por último, as redes sociais converteram-se num novo campo de batalha onde setores nacionalistas criticam o eleitorado turco que apoia o HDP. Forçou-se a esquecer rapidamente as vítimas do atentado a Suruç, assim como todas as manifestações e protestos realizados na rua, com os acontecimentos que se produziram posteriormente. A morte de membros da polícia e do exército turco facilitou assim a beligerante postura do governo face ao povo curdo elevando os soldados mortos à figura de mártires (Na Turquia, os membros do exército caídos em serviço em atentados são chamados sehit – mártir -, e venerados sempre nos veículos de comunicação acima de qualquer vítima civil).<br/></p><figure data-orig-width="3452" data-orig-height="2589" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/8dcb110636a99122fa5aed134b682ef7/tumblr_inline_ns93pw10sS1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="3452" data-orig-height="2589"/></figure><blockquote><p>Garoto segura a bandeira do PKK, na Turquia | Foto: Dogan Erol</p></blockquote><p><b>Incógnitas depois do atentado<br/></b><br/>A comoção criada pelo sangrento atentado em Suruç obrigou o governo a uma mudança de discurso. Os primeiros protestos na rua dirigiram-se contra o governo do AKP e forçaram a que este criticasse o EI apesar da passividade mostrada até esse momento, evitando sempre os comentários diretos. O atentado de Suruç deixou muitas incógnitas abertas como o fato de a polícia, apesar de ter posto um controle para todos os que entravam no recinto do Centro Cultural Amara onde se encontrava a juventude que ia para Kobane, não ter detectado o agressor que levava a bomba no corpo. Além disso, o controle estava situado a 200 metros do centro, onde os efeitos da bomba não chegaram, e não no próprio recinto. Por outro lado, um relatório do Partido Republicano do Povo (CHP), o principal partido da oposição e legado do kemalismo, criticou que “o principal apoio logístico ao EI é recebido da Turquia” e registrou que não foi permitido a nenhum membro do HDP entrar no recinto após os fatos - um partido, o HDP, que também sofreu um atentado no final da campanha.<br/><br/>Apenas dois dias depois do atentado, dois membros da polícia foram encontrados mortos na sua casa em Ceylanpinar, na província de Sanliurfa, onde se encontra também Suruç. O PKK reconheceu a autoria do ataque e, segundo a agência de notícias curda Firat, tratou-se de uma operação de castigo, já que os polícias tinham fortes laços ao EI. Na mesma noite, segundo informou a agência Anadolu Ajans, Mürsel Gül, supostamente membro do EI, foi assassinado a tiro por membros do Movimento da Juventude Revolucionária Patriota (YDG-H), um grupo urbano ligado ao PKK. Nas primeiras declarações, o presidente Recep Tayyip Erdogan chamou a atenção para “o duplo perigo com que a Turquia se confronta, o Estado Islâmico e o PKK”, preparando o terreno para um ataque direto, e criticando todo aquele que colocava o EI como único inimigo do país, sem atacar verbalmente o PKK.<br/><br/>Dentro desta espiral de atentados, no dia seguinte, a 23 de julho, um sargento do exército turco, Alçin Nane, foi assassinado a tiro na fronteira com a Síria por membros do EI. Segundo a informação do Habertürk, o incidente ocorreu quando soldados turcos impediram a entrada de membros do EI que levavam um ferido para ser tratado num hospital turco. Após a recusa, os membros do EI abriram fogo acabando com a vida do sargento. A entrada de membros do Estado Islâmico, incluindo o seu tratamento em hospitais turcos, já tinha sido denunciada em mais de uma ocasião. Em junho do ano passado, o deputado do CHP, Muharrem Ince, denunciou que um alto comandante do EI estava a ser tratado num hospital de Hatay e que o EI fornecia petróleo ao governo. Segundo o deputado Ilhan Cihaner (CHP), em janeiro deste ano quatro comandantes do EI, combatentes na Líbia, foram tratados em Istambul. Em março de 2015, o militante do EI Emrah Ç., de nacionalidade turca, foi tratado na cidade de Denizli. Os movimentos na fronteira e a facilidade com que membros do EI entram em território turco têm sido confirmados em numerosas ocasiões por fontes locais e jornalísticas das províncias fronteiriças. No entanto, até então, não se tinha dado nenhuma baixa no exército turco, pelo menos oficialmente.<br/><br/>A todos estes fatos, há que acrescentar uma declaração de guerra formal por parte da Turquia ao EI. No entanto, rapidamente se percebeu que o principal objetivo do AKP não era o EI mas os acampamentos do PKK em Qandil. Na noite de 23 de julho, quatro aviões turcos bombardearam alvos do EI e foi anunciada a morte de 33 combatentes. Na mesma noite, numa segunda operação, foram atacadas as bases do PKK no norte do Iraque, em Qandil, Zap, Metina, Basyan e Avashin. Até ao momento foram levadas a cabo mais duas operações aéreas, ambas dirigidas contra o PKK, e foi confirmada a morte de Önder Aslan aliás Servan Varto, um dos principais dirigentes da guerrilha.<br/></p><figure data-orig-width="1600" data-orig-height="1067" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/0e4ee0741422fba4a29827de1f7874fb/tumblr_inline_ns947z7lRM1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1600" data-orig-height="1067"/></figure><blockquote><p>Militantes grupo armado de extrema-esquerda DHKP-C fazem a guarda de parentes das vítimas do ataque terrorista em Suruc, em manifestação/funeral de uma das vítimas, na capital da Turquia | Foto: Yasin Akgul</p></blockquote><p><b>Turquia apela à NATO<br/></b><br/>As primeiras reações internacionais fizeram um apelo ao fim da violência. Angela Merkel advertiu que, de qualquer forma, o processo de paz deve continuar. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional de Washington, Alistair Baskey, declarou: “Respeitamos o direito da Turquia, nossa aliada na NATO, se defender dos atentados terroristas do PKK”. A Turquia, como membro da NATO, apelou a uma reunião extraordinária da organização apoiando-se no Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, que diz que “As Partes consultar-se-ão sempre que, na opinião de qualquer delas, estiver ameaçada a integridade territorial, a independência política ou a segurança de uma das Partes”. A reunião está prevista para esta terça-feira 28 de julho.<br/><br/>A Polícia, entretanto, levou a cabo uma grande operação de detenções em larga escala em todo o país contra o terrorismo dirigida contra o EI, o PKK, o YDG-H, e o DHKP-C (Partido da Libertação – Frente Revolucionária do Povo), a organização oficialmente responsável pelo sequestro do procurador do caso Berkin Elvan e pela sua morte. Em apenas três dias houve 851 detenções em 34 províncias. Só em Istambul foram detidas 104 pessoas, das quais 37 são estrangeiras. A Polícia informou das detenções de Abu Hanzala e Abdul·lah Abdulayev, dirigentes do Estado Islâmico em Istambul. A 26 de julho, o diário Dikeninformou afirmou que todos os detidos por relação com o EI em Adiyaman tinham sido libertados sem acusações.<br/><br/>Nos confrontos da Polícia com membros do DHKP-C no bairro de Bagcilar de Istambul houve uma morte, a da jovem curdo-alevita Günay Özaslan. A noite de 25 de julho foi uma das mais violentas desde os protestos de Gezi com ataques do PKK a esquadras de polícia em Siirt e Baglar (Amed), e de fogo cruzado em Nuysabin. Um carro bomba em Lice pôs fim à vida de dois soldados turcos e feriu mais quatro. Em Cizre, onde há protestos continuados pela morte de Ugur Özkan e pela matança de Suruç, a violência aumentou após o início das operações aéreas contra o PKK, e na noite de 25 de julho um manifestante, Abdul·lah Özdal, foi abatido a tiro. Também se ouviram duas explosões em Suruç sem que houvesse vítimas.<br/><br/>Em 26 de julho, a polícia de Istambul foi ao bairro de Gazi, habitado maioritariamente por alevitas, e inclusive, atacou o funeral de Günay Özaslan, morta na noite anterior em Bagcilar. Os confrontos ainda continuam e há vários feridos, um deles ferido na perna por uma cápsula da Polícia. Quando a Polícia tentou entrar num edifício onde se refugiavam os manifestantes, o agente Muhammet Fatih Sivri foi ferido no peito por disparos, morrendo depois no hospital. Posteriormente, o acesso ao bairro foi fechado e as operações policiais continuam.<br/><br/>A Grande Marcha pela Paz planeada para 26 de julho em Istambul depois do atentado de Suruç foi proibida pelo governador de Istambul. Um pequeno grupo concentrou-se para dar uma conferência de imprensa na praça Aksaray com várias personalidades políticas, destacando-se a secretária geral do HDP, Figen Yüksekdag, e membros do sindicato DISK e do Partido da Liberdade e do Socialismo (ÖDP). Nas suas declarações ela criticou Erdogan: “O que perdeu nas eleições, tenta ganhar agora com a guerra”.<br/><br/>À campanha militar iniciada pelo AKP uniram-se, dando todo o apoio, os meios de comunicação mais próximos. O diário Aksam publicava a seguinte manchete na capa: “Quem semeia ventos colhe tempestades”; o diário Star, “Os que testam a força da Turquia com o terror já têm a resposta: agora pensem duas vezes”; o diário Takvim, sem citar na capa o Estado Islâmico, dirigia o principal título contra o PKK. “450 mísseis para 400 objetivos”; o diário Yeni Akita: “Responda a elas na língua que entendem”; e o diário Yeni Safak: “Vai-se até ao fim”. Entretanto, foi bloqueado o acesso às principais agências de notícias curdas, entre as quais Firat Haber Ajansi(ANF), Dicle Haber Ajansi (DIHA) e Hawar Haber Ajansi (Anhai), limitando o acesso mediante servidores VPN ou ZenMate.<br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125354971230http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125354971230Wed, 29 Jul 2015 13:00:00 -0400ultimasTurquiaPKKcurdosEstado IslâmicoISISHDPSuruçIraqueguerrilhaguerra“Feminismo é mais que uma blusa com os dizeres girl...<img src="http://40.media.tumblr.com/7b135516d63e0aaa13413641184fb727/tumblr_ns5uc4Aj9q1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>“Feminismo é mais que uma blusa com os dizeres girl power”<br/><i>Por Mari Pasini</i></b><i><br/></i><br/>As incoerências e os sentimentos ambivalentes são algo que geralmente queremos esconder, mas não é o que acontece com esta artista anônima que adora rosa, é feminista e usa confissões pessoais em seus trabalhos. No nome, Ambivalently Yours, ela celebra esses sentimentos às vezes conflitantes, mas inseparáveis, que existem em relação a uma situação ou objeto. <br/><!-- more --><br/>O Tumblr começou em 2012 enquanto ela trabalhava na indústria da moda, uma área que ela ama, mas que tem seus defeitos. Foi abraçando a ambivalência que ela sentia em relação à moda e outras contradições próprias que o projeto nasceu. “Apesar de achar que a moda pode ser uma forma de expressão muito positiva, a indústria é um pouco tóxica”, explica.<br/><br/>“Infelizmente, foi só começar o curso que as pessoas do universo fashion começaram a me ver como uma ‘estraga-prazeres’ feminista, e as pessoas da escola de arte continuavam a pensar que eu não entendia o feminismo, só porque eu amava moda. Eu tinha sentimentos dúbios em relação às minhas escolhas e me sentia frustrada em relação às conclusões que as pessoas tiravam sobre mim, e foi assim que comecei o Ambivalently Yours.”<br/><br/><b>Anonimato</b><br/><br/>Ambivalently Yours – AmbiYours para os íntimos – conta que o desejo de permanecer anônima foi motivado inicialmente pelo medo. Quando o projeto começou, os trabalhos que ela fazia eram críticos principalmente em relação à indústria fashion, a mesma que também a empregava e lhe dava o salário que precisava para viver.<br/><br/>“Decidi que meu projeto seria anônimo para me assegurar que meu trabalho artístico não afetaria minha capacidade de sobreviver. A internet pode ser um lugar volátil e meu trabalho é sempre inspirado por experiências pessoais, então achei que o único jeito com o qual eu poderia ser honesta sem me fazer vulnerável demais era ser anônima.” Em outras palavras, ela explica, o anonimato é uma forma de auto-preservação, que em troca lhe dá coragem para ser mais ousada em seus trabalhos artísticos.<br/><br/>Mas há um limite para tudo, e o anonimato não escapa dessa constatação. Recentemente, a oportunidade de fazer uma residência artística em Glasgow, na Escócia, somada ao desejo de realmente interagir com as pessoas da cidade, significou que ela não poderia mais ser completamente anônima. A solução encontrada foi ser tão anônima quanto possível online, mas de um jeito que lhe permitisse tirar a máscara de vez em quando ao conhecer pessoas na vida real.</p><figure data-orig-width="900" data-orig-height="901" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/21fe21b5723b6d3711bebe546b95d17a/tumblr_inline_ns5uc3YBJw1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="900" data-orig-height="901"/></figure><blockquote><p>Arte por Ambivalently Yours</p></blockquote><p><b>762 confissões esperando por respostas<br/></b><br/>Mais tarde, veio a constatação de que o anonimato permitiu que as pessoas se identificassem com o vácuo de especificidade de sua persona online. “As pessoas geralmente acham que eu vivo nos países onde elas vivem, ou que tenho a idade que elas têm, ou atribuem a mim qualquer outra similaridade que elas próprias estão buscando.”<br/><br/>A maioria dos desenhos de Ambivalently Yours são feitos em resposta às mensagens e questões que o público lhe envia diretamente pelo Tumblr. “Eles são em parte inspirados nas histórias de outras pessoas, mas claro, sempre há um pouco da minha própria experiência de vida influenciando o que eu faço. É meio que uma colaboração entre as pessoas que escrevem para mim e eu mesma. Assim, Ambivalently Yours acaba virando menos uma auto-reflexão e mais uma representação das ideias que estão por trás do trabalho; ela é o meu alter-ego, mais ousado e aberto.”<br/><br/>Os desenhos são feitos com caneta ballpoint e aquarela, além dos ocasionais marcadores ou lápis. É depois de escaneá-los que chega o fundo rosa, cor que ela não esconde amar.<br/><br/>Há quem odeie e há quem ame o trabalho de AmbiYours. “É sempre difícil receber críticas sobre seu trabalho, mas parte do que significa ser artista é ser corajoso o suficiente para aceitar que nem todo mundo vai gostar do que você faz. Tenho muita sorte de que, até agora, recebi mais respostas positivas, o que é muito encorajador e me motiva a continuar desenhando.” Há quem a acompanhe no Tumblr por anos, e ela é muito grata a essa comunidade.<br/><br/>A artista encara seu trabalho como um plano onde ela tenta evitar fazer decisões que alterem toda sua vida, e prefere passar um tempo “indo e voltando” em suas questões pessoais a resolvê-las. “É um ato consciente de indecisão que me permite seguir reavaliando as coisas enquanto, ao mesmo tempo, me tocando de que eu não tenho todas as respostas. Ainda que possa parecer cansativo, para mim tem se tornado mais um lugar criativo e construtivo que eu não sinto que tenho que resolver.”<br/><br/><b>Feminismo</b><br/><br/>Não há dúvidas: Ambivalently Yours se considera feminista, sim. Ela não se identifica com nenhuma corrente específica do movimento, nem acredita que deve haver apenas um único tipo de feminismo, mas sim que o movimento precisa ser interseccional e fazer reavaliações constantes.<br/><br/>Para entender a recente onda de trabalhos confessionais de mulheres como Lena Dunham que tem sido vista na televisão e nos filmes, a artista cita um conceito de Carol Hanisch. “‘O pessoal é político’. Nossas histórias pessoais refletem situações políticas maiores que elas. Isso significa que as pessoas que compartilham experiências bastante pessoais através de sua arte estão fazendo, na verdade, declarações políticas. E no caso das feministas, elas frequentemente mostram como uma sociedade patriarcal pode influenciar de forma negativa as vidas pessoais das mulheres.”<br/><br/>Para ela, esse processo permite que movimentos como o próprio feminismo se tornem mais próximos às pessoas, que elas podem se relacionar com suas ideias. ”Meu trabalho é sobre compartilhar emoções online. As pessoas me enviam suas histórias, e eu respondo com desenhos ou mais histórias, e então outros compartilham e adicionam suas próprias perspectivas à conversa. Todo o processo, todas essas conversas, é assim que os movimentos políticos começam e são assim que eles se mantêm.” Entre seus heróis pessoais, estão Kathleen Hanna, Frida Kahlo e Buffy Summers.<br/><br/>Porém, ela acredita que não é muito bacana quando o ativista é tão consumido pelas próprias convicções que perde as estribeiras e é lesivo ao excluir pessoas que não pensam exatamente igual a ele ou ela. “É fácil esquecer que mesmo quando você está lutando por algo bom, isso não dá razões para um comportamento mau. E isso não é relacionado apenas aos feministas, mas a todos os ativistas, acho: só porque você acredita em coisas boas, não significa que você não vai agir de modo ruim de vez em quando.”<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="1024" data-orig-width="864"><img src="http://40.media.tumblr.com/81be3df74974891eb0f07b98d96274c8/tumblr_inline_ns5ujlvUbI1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="1024" data-orig-width="864" alt="image"/></figure><blockquote><p>Arte por Ambivalently Yours</p></blockquote><p>Ser feminista em 2015, para ela, é enxergar que apesar de muitos direitos terem sido conquistados, ainda há muito a ser feito. “As mulheres ganharam muitos direitos no último século, e muitas pessoas pensam que o feminismo acabou, porque temos tudo que pedimos. Ao mesmo tempo, o feminismo está meio que ‘na moda’ hoje em dia, o que é bom, mas também um pouco assustador, porque como sabemos as modas são instáveis e o que é tendência agora provavelmente não será por muito tempo. O feminismo é mais do que usar uma blusa com os dizeres ‘girl power’, é uma conversa que precisamos seguir tendo.”<br/><br/>Para as meninas que querem se tornar ilustradoras, ela tem alguns conselhos. “Desenhar é como qualquer outra habilidade: quanto mais você pratica, melhor você fica. Você tem que continuar trabalhando, e ser paciente.” Ela alerta: pode demorar para as pessoas notarem o que você faz e é preciso estar preparada para enfrentar muita rejeição. “Eu enfrentei!”, diz.<br/><br/>“As pessoas criativas têm que desenvolver uma casca para continuar fazendo o que fazem, e não fica mais fácil com o tempo, mas você fica melhor nessa função. Tente fazer aliados pelo caminho dando apoio e aprenda com outros artistas. Resista ao ímpeto de competir com os outros: há muito espaço para todos nós sermos incríveis.”<br/></p><hr><p><a href="http://www.ambivalentlyyours.com/">Ambivalently Yours</a> ❤<br/><i>Tumblr: <a href="http://www.ambivalentlyyours.tumblr.com/">ambivalentlyyours.tumblr.com</a><br/>Twitter: <a href="http://www.twitter.com/AmbivalentlyYou">twitter.com/AmbivalentlyYou</a><br/>Facebook: <a href="http://www.facebook.com/ambivalentlyyours">facebook.com/ambivalentlyyours</a><br/>Instagram: <a href="http://www.instagram.com/ambivalentlyyours">instagram.com/ambivalentlyyours</a></i><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215054700http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215054700Mon, 27 Jul 2015 20:59:16 -0400ultimasfeminismoarteilustrações“Se for negro, não entra”: fascismo na Itália contra...<img src="http://41.media.tumblr.com/216ac7ddebd94f227af1db12b0c1f633/tumblr_ns5rkxfotP1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>“Se for negro, não entra”: fascismo na Itália contra refugiados<br/><i>Por Janaina Cesar</i></b><i><br/></i><br/>Vídeo: Em estação de Bolzano, na fronteira com a Áustria, autoridades exigem documentação apenas de imigrantes africanos; brancos não são parados.<br/><!-- more --><br/>Em Bolzano, cidade na Itália que fica na fronteira austríaca, refugiados negros são impedidos de embarcar nos trens que partem em direção a Innsbruck, na Áustria, e Munique, na Alemanha. A polícia bloqueia as portas dos vagões: se o passageiro for branco, a passagem é permitida, se for negro, pedem pelo passaporte. Como nenhum refugiado possui a documentação, são impedidos de entrar. As polícias italiana, austríaca e alemã trabalham em estreita colaboração. A força trilateral, como é conhecida, nasceu em 2002 com o objetivo de previnir assaltos em viagens internacionais, mas hoje impede que refugiados deixem a Itália.<br/><br/>Todos os dias, por volta das 9h da manhã, cerca de cem refugiados chegam à estação de Bolzano, ponto de acesso para ir à Alemanha e aos países nórdicos. No dia 29 de junho, uma segunda-feira, 80 desceram do trem noturno de Roma. A maioria vem de Eritreia, Sudão e Síria. Escapam da guerra, da fome e da miséria. Para conseguir chegar até a Itália, enfrentaram a morte de perto, atravessando o mar Mediterrâneo, que <a href="http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39353/mediterraneo+consolida-se+como+a+rota+de+migracao+mais+mortifera+do+globo.shtml">todos os anos faz centenas de vítimas</a>.<br/><br/>Aisha, uma jovem mãe eritreia que viaja com a filha de 2 anos, conta que escapou de seu país por causa da perseguição religiosa. Ela quer ir para Munique, diz ter amigos lá. “Não quero ficar na Itália. Tenho amigos na Alemanha que estão me esperando e vão me ajudar quando eu chegar", conta.<br/><br/>Para quem está há cinco meses viajando, os 280 quilômetros que separam Bolzano de Munique representam pouco — mas são intermináveis. Durante os dez minutos em que o trem permanece parado para o embarque dos passageiros, Aisha e os outros observam os “brancos” entrarem sem problemas e se entreolham tentando entender o que está acontecendo. Mesmo mostrando a passagem de 69 euros de Bolzano a Munique, os policiais não os deixam entrar. Até aquele momento ninguém lhes explicou nada. Os policiais, aqueles que se dão ao trabalho de responder, gastam somente uma palavra: “passaporte”. Sem mais.<br/></p><figure data-orig-width="660" data-orig-height="491" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/e452c02f5fd8d25849e7bb2111b130b7/tumblr_inline_ns5rkdl2ja1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="660" data-orig-height="491"/></figure><blockquote><p>Policial italiano: ‘Se for negro, não entra . E se já está dentro deve ser controlado porque é quase certo que não tem documento’ | Foto: Janaina Cesar</p></blockquote><p><b>Pele negra<br/></b><br/>Segundo declarou um policial italiano que pediu para ficar no anonimato, a cor da pele identifica quem são os refugiados sem documentos. “Se for negro, não entra . E se já está dentro [do vagão] deve ser controlado porque é quase certo que não tem documento”, diz o oficial, relatando qual foi a ordem recebida de seus superiores. “Sei que não é correto, mas é o modo mais fácil de identificá-los. Sabemos que nenhum deles possui visto ou passaporte e por isso não os deixamos entrar no trem internacional.”<br/><br/>O policial italiano diz ainda que nos trens regionais que partem do sul em direção à fronteira austríaca, o controle não é realizado. “Se o sistema de controle funcionasse, eles [os refugiados] nem partiriam do sul [onde ficam os centros de acolhimento]. Nós da polícia de Bolzano temos que enfrentar esse problema sozinhos”, afirma.<br/><br/>Ainda que seja vedado esse tipo de auxílio pela legislação italiana — segundo a Lei nº 189, de 2002, ajudar um cidadão a entrar ou sair ilegalmente do país constitui crime de favorecimento à 'imigração clandestina’ — alguns cidadãos sensíveis a situação dos refugiados, informam e até desenham atrás de passagens não usadas, o percurso que devem fazer para chegar até Munique. Praticamente, devem ir até Brennero, outra cidade italiana de fronteira, pegar o trem regional austríaco até Innsbruck e, chegando lá, pegar o regional alemão para Munique. Tudo isso torcendo para que a polícia local não os peguem e mandem de volta à Itália.<br/><br/>Somente em 2014, a Áustria devolveu cerca de 5.000 refugiados aos italianos. Isso, pois o Tratado de Dublin obriga que o pedido de asilo seja feito no primeiro país onde a pessoa é identificada. No entanto, das 6.000 identificações realizadas ano passado pelo polícia de Bolzano, ninguém retornou para formalizar o pedido de asilo.<br/><br/><b>Voluntários</b><br/><br/>Segundo Manoel, um dos voluntários que ajuda no acolhimento dos refugiados na estação de Bolzano, “alguns deles chegam aqui pensando que já estão na Alemanha, não sabem que precisam de documento e visto para entrar naquele país”. É fácil se enganar, porque em Bolzano tudo é bilíngue (italiano-alemão), da placa na estação aos anúncios nos alto falantes. “Explicamos que sem documento não podem pegar o trem internacional e os orientamos a irem com um trem regional à Brennero, uma cidade que fica na fronteira com a Áustria”, diz.<br/><br/>Assista à videorreportagem gravada em Bolzano, por <i>Opera Mundi</i>:</p><figure class="tmblr-embed tmblr-full" data-provider="youtube" data-orig-width="459" data-orig-height="344" data-url="https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3D5-0DMucnhW8"><iframe width="540" height="404" src="https://www.youtube.com/embed/5-0DMucnhW8?feature=oembed" frameborder="0"></iframe></figure><blockquote><p>Vídeo: Opera Mundi</p></blockquote><p>“Na medida do possível, nós os orientamos, mas às vezes a comunicação é muito difícil”, diz Luca de Marchi, também voluntário. “Quando chegam aqui, nós os levamos a uma sala que colocaram [na estação de Bolzano] à nossa disposição, fornecemos sacolinhas com alimentos, além de roupas e sapatos e assistência humanitária. Queremos que essas pessoas, nas poucas horas em que estão aqui, se sintam um pouquinho em casa. Já enfrentaram uma viagem alucinante e queremos oferecer um pouco de tranquilidade e serenidade.”<br/><br/>De Marchi confirma que o problema da discriminação existe, mas, segundo ele, é uma coisa pessoal. “Não se pode generalizar e dizer que a polícia é racista, nós temos um ótimo relacionamento com a força de ordem. Não acho que a questão principal seja a cor da pele. O problema realmente é a falta de documentos”, diz. Para ele, a melhor forma para contrastar a questão dos refugiados, “é trabalhar em silêncio, sem criar atritos”.<br/><br/><b>Rumo à Áustria<br/></b><br/>Aisha e um grupo de 60 refugiados decidiram escutar os conselhos de quem se arriscou com a lei italiana e resolveram embarcar para Brennero. Os outros preferiram ficar em Bolzano, para tentar embarcar no próximo trem internacional direto à Innsbruck e Munique — e tentar a sorte de topar com um policial que faça de conta que não os viu embarcar. Segundo Marco, isso já aconteceu, mas é coisa rara.<br/><br/>Uma hora e meia de viagem até Brennero com o trem regional italiano. Mais 13,50 euros de passagem. A bordo reina o silêncio. Alguns aproveitam para dormir, enquanto, no fundo do vagão, uma mãe amamenta seu filho. O trem para. Ponto de chegada. Da estação de Brennero se vê a fronteira com a Áustria. A estação é vazia. Nada de polícia italiana, alemã ou austríaca. Quando os policiais estão nas imediações, alguns atravessam a fronteira a pé, pelas trilhas paralelas à estrada principal. Mas desta vez não.<br/><br/>Essa brecha lhes dá tempo para pedir informação a um jovem que chegou na estação. O trem regional austríaco está ali parado e eles não podem perder a ocasião. O jovem, na maior paciência, os ajuda a comprar as passagens, uma a uma. Às 15h, parte o trem e em meia hora chegam Innsbruck. Aisha está feliz e deixa escapar um sorriso.<br/></p><hr><p><i>Reportagem original do Opera Mundi</i></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215044735http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215044735Mon, 27 Jul 2015 20:59:07 -0400ultimasracismoxenofobiaItáliaEuropaAlemanhafascismoimigrantesRappers indígenas guarani criticam a atualidade e as mídias em...<img src="http://41.media.tumblr.com/fb8396f6e88d5a2bdd545f6b7d69131d/tumblr_ns5ia7hGd91tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Rappers indígenas guarani criticam a atualidade e as mídias em música<br/><i>Por Combate Racismo Ambiental</i></b><i><br/></i><br/>Um índio interrompe uma dança típica e foge com o rádio que tocava a música. Em seguida, ele coloca um CD de rap, o som contagia outros dois colegas e eles cantam em uma carroça pela aldeia. Essas são as primeiras cenas do novo clipe do Brô MC’s intitulado ‘Koangagua’, que significa “Nos dias de hoje”, lançado nesta semana.<br/><!-- more --><br/>De acordo com o produtor do grupo, Higor Lobo, a produção foi feita em pouco mais de uma semana durante a segunda visita do fotógrafo suíço Yan Groos, que coordenou um workshop de fotografia e filmagem oferecido gratuitamente aos indígenas em 2014.<br/><br/>O clipe foi gravado nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, a 214 quilômetros de Campo Grande.<br/><br/>O terceiro clipe do grupo de rap guarani com imagem em alta definição e em estilo ‘vintage’ foi produzido pela TV Guateka, um canal na internet criado para divulgar a cultura indígena, com o apoio do suíço e da Central Única das Favelas (Cufa) de Mato Grosso do Sul.<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="625" data-orig-width="1274"><img src="http://36.media.tumblr.com/42b7baaa522652a1751b7bacf76e062c/tumblr_inline_ns5i8cO6VN1sb3lre_540.png" data-orig-height="625" data-orig-width="1274" alt="image"/></figure><blockquote><p>Grupo Brô MC’s</p></blockquote><p>“Nós recebemos muitas críticas positivas e foram mais de dez pessoas envolvidas para fazer tudo”, disse Lobo. A qualidade na produção é uma das novidades, mas a letra que ressalta os valores indígenas e o dia a dia na tribo foi mantida, segundo ele.<br/><br/>Em alguns momentos, o rap relembra outros tempos vividos pelos indígenas ao dizer que “antigamente era muito mais feliz”. Em outros, faz críticas, como quando diz que “no jornal fala várias coisas, a TV mostra várias coisas, a verdade existe só que eles escondem”.<br/><br/>De acordo com o produtor, o segundo álbum musical do grupo já está sendo produzido e será lançado em breve.<br/><br/><b>O grupo<br/></b><br/>O Brô MC’s é formado pelos jovens indígenas Bruno Veron, Clemerson Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto, das aldeias Jaguapiru e Bororó. O grupo foi criado em 2009 com o objetivo de valorizar a cultura indígena. As músicas são cantadas no idioma nativo e em português.<br/><br/>Assista o clipe:</p><figure class="tmblr-embed tmblr-full" data-provider="youtube" data-orig-width="540" data-orig-height="304" data-url="https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DIBafJlZxT6s"><iframe width="540" height="304" src="https://www.youtube.com/embed/IBafJlZxT6s?feature=oembed" frameborder="0"></iframe></figure>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215039295http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125215039295Mon, 27 Jul 2015 20:59:02 -0400ultimasmúsicaarterapindígenasguaranimídiaatualidadeMovimento pressiona poder publico por ciclovias na periferiaPor...<img src="http://40.media.tumblr.com/815fe330b1f1b5f94a21b0aba1b12ee5/tumblr_ns2oruGPeE1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Movimento pressiona poder publico por ciclovias na periferia<br/><i>Por Lívia Araújo </i></b><i><br/></i><br/>Mesmo com a inauguração emblemática da ciclovia da Avenida Paulista, em 28 de junho, e um plano do poder público que prevê a entrega de 400km de infraestrutura cicloviária até o final de 2015, as regiões da capital fora do centro expandido ainda carecem de vias exclusivas que conduzam com segurança os usuários de bicicleta até a região central da cidade. A demanda está no foco da campanha #ciclovianaperiferia, integrada por coletivos como CicloZN, Bike Zona Oeste e Bike Zona Sul.<br/><!-- more --><br/>De acordo com Roberson Miguel, integrante do CicloZN e membro da Câmara Temática da Bicicleta do CMTT (Conselho Municipal de Trânsito e Transportes de São Paulo), faltam menos de 30% para a conclusão do projeto Ciclovia SP, mas ainda há demandas importantes a serem contempladas, principalmente no que diz respeito a vias rápidas e de ligação ao centro de São Paulo. “A maioria dos trabalhadores sai da periferia para o centro. Tem de haver estrutura nesses lugares”, observa.<br/><br/><b>Vias expressas<br/></b><br/>Segundo Roberson, há demandas específicas para vias expressas como a Radial Leste, cuja ciclovia precisa ser concluída até o centro, e em avenidas como a Inajar de Souza e Raimundo Pereira de Magalhães, na zona norte. “Essas são grandes avenidas que levam todo mundo à marginal, ou a grandes centros locais, com bicicletários maiores no trem”.<br/><br/>Ele menciona que várias regiões já contam com alguma infraestrutura, às vezes intrabairros, como no caso da zona sul, mas que em outras, como nas zonas norte e leste, as ciclovias existentes não formam uma rede, nem entre um bairro e outro e nem como ligação com o centro. “A ciclovia que há no Jardim Helena (extremo leste) chega até a estação de trem, mas o bicicletário já não dá conta. E não é possível embarcar com a bicicleta”, aponta.<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="1024" data-orig-width="1024"><img src="http://40.media.tumblr.com/a9a1c4ed8695e683c733555a793acf19/tumblr_inline_ns2op5yhni1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="1024" data-orig-width="1024" alt="image"/></figure><blockquote><p>Foto: CicloZN<br/></p></blockquote><p><b>Mobilização<br/></b><br/>Além de tentar sensibilizar a prefeitura de São Paulo no próprio dia da inauguração da ciclovia da avenida Paulista, o movimento #ciclovianaperiferia está tentando sensibilizar vereadores, tanto da base aliada do executivo quanto da oposição. “Uma parte das críticas tanto de parlamentares quanto da mídia é de que as ciclovias eram mais necessárias na periferia do que no centro expandido. Queremos aproveitar isso para fazer pressão para o uso do orçamento das ciclovias nos bairros”, defende Roberson.<br/><br/><b>Ocorrências</b><br/><br/>De 2010 a 2012, <a href="http://noticias.uol.com.br/infograficos//2013/07/02/mortes-de-ciclistas-na-cidade-de-sao-paulo-em-acidentes-de-transito.htm">dados</a> da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) mostravam que o bairro com maior registro de acidentes era o Jardim Helena, na zona leste. No mesmo período, no entanto, foi a zona norte, mesmo com área menor em comparação às demais regiões, que concentrou a maior letalidade (acidentes com morte) entre as ocorrências, com 2,61 acidentes fatais a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar vem o centro, com 2,09 mortes a cada 100 mil habitantes.<br/><br/>Para Roberson, esses números decorrem de duas políticas implantadas nos últimos anos na capital. Além do aumento do limite de velocidade, a diminuição do tamanho das faixas de rolamento para 2,5m desfavoreceu o uso dos “corredores” e o compartilhamento do espaço com quem utiliza a bicicleta, aumentando a probabilidade de atropelamentos.<br/><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125127520300http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125127520300Sun, 26 Jul 2015 21:07:02 -0400ultimascicloviabikeSão PauloperiferiatransportemobilidadeParlamento ucraniano coloca partidos comunistas na...<img src="http://40.media.tumblr.com/1a35a416ec1ab95c7284c4a64c5d33a1/tumblr_ns2ngdzK1A1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Parlamento ucraniano coloca partidos comunistas na ilegalidade<br/><i>Por Redação</i></b><i><br/></i><br/> Conforme a nova legislação, essas legendas não poderão propagar seu nome, seus símbolos, nem seu programa ou estatuto; PC russo critica medida.<br/><!-- more --><br/> Após a aprovação do parlamento, a Ucrânia anunciou que entra em vigor nesta sexta-feira (24/07) a proibição às atividades dos três partidos comunistas existentes no país, bem como a sua participação nos processos eleitorais e na vida política do território.<br/><br/> “Este é um momento verdadeiramente histórico”, anunciou o chefe do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Alexander Turchinov.<br/><br/> A decisão foi confirmada à Agência Efe pelo ministro da Justiça, Pavel Petrenko, que detalhou que a proibição afeta o Partido Comunista da Ucrânia, o Partido Comunista (renovado) e o Partido Comunista dos Trabalhadores e Camponeses da Ucrânia.<br/><br/> “Depois de aprovadas as leis no parlamento, foi criada uma comissão que, ao longo de um mês efetuou um estudo dos três partidos comunistas da Ucrânia”, explicou o ministro, que assinou o decreto. Patrenko ainda destacou que essa “proibição” “será levada até as últimas consequências”.</p><figure data-orig-width="1940" data-orig-height="1090" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/447d60b586c8a3eb7c4f188d6fcfa1aa/tumblr_inline_ns2nd8RAsO1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1940" data-orig-height="1090"/></figure><blockquote><p>Estátua de Lenin, ícone revolucionário russo, é derrubada na cidade de Kharkiv, em setembro de 2014 | Foto: Igor Chekachkov</p></blockquote><p> Conforme a nova legislação, essas legendas não poderão propagar seu nome, seus símbolos, nem seu programa ou estatuto. A lei também obriga o Estado a investigar toda informação sobre os delitos cometidos durante os governos comunista e nazista.<br/><br/> Para o líder do Partido Comunista russo, Gennady Zyuganov, a decisão de Patrenko é “puramente arbitrária e uma vingança sobre seus adversários políticos”. Ele também critica o fato de a lei equiparar comunistas aos nazistas.<br/><br/> Em 9 de abril, o Parlamento da Ucrânia aprovou uma lei que legalizou todas as organizações políticas e paramilitares que lutaram contra o regime soviético durante a Segunda Guerra Mundial, inclusive aquelas que colaboraram com os ocupantes nazistas.<br/><br/> Em maio, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, sancionou a lei que implica também que todos os monumentos que glorificam os líderes soviéticos, incluindo as estátuas de Lênin, deveriam ser desmontados. Com a decisão, as autoridades ucranianas também querem rebatizar cidades, ruas e entidades cujos nomes tenham referências soviéticas.<br/><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125045038110http://www.guerrilhagrr.com.br/post/125045038110Sat, 25 Jul 2015 21:47:20 -0400ultimasUcrâniacomunismofascismoRússiaclandestinidadepolíticaComo um dos maiores bancos do mundo lucrou com a crise...<img src="http://36.media.tumblr.com/e0dfe471f7e6bc958c13fd376b879b01/tumblr_nrzxp46nwP1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Como um dos maiores bancos do mundo lucrou com a crise grega<br/><i>Por Robert Reich</i></b><i><br/></i><br/>O banco de investimento Goldman Sachs ganhou milhões de dólares para ajudar a esconder a verdadeira dimensão da dívida - levando-a praticamente a dobrar de tamanho. Da mesma forma, cidades e estados americanos têm sido obrigados a cortar serviços essenciais por estarem presos a operações similares.<br/><!-- more --><br/>A crise da dívida grega põe em evidência mais uma vez os poderes de persuasão de Wall Street – uma peça que permanece invisível na maioria dos relatos sobre a crise do outro lado do mundo.<br/><br/>A crise foi agravada anos atrás por uma operação do Goldman Sachs, arquitetado pelo atual diretor-executivo do banco, Lloyd Blankfein. Juntamente com a sua equipe, Blankfein ajudou a Grécia a esconder a verdadeira dimensão da sua dívida e, no processo, a fez praticamente dobrar de tamanho. Da mesma forma como ocorreu na crise do subprime americano, e que levou à atual situação crítica de muitas cidades americanas, um empréstimo predatório de Wall Street teve um papel importante na crise grega, embora pouco reconhecido.<br/><br/>Em 2001, a Grécia procurava maneiras de mascarar os seus crescentes problemas financeiros. O Tratado de Maastricht exigia que todos os membros da zona do euro mostrassem melhorias nas contas públicas, mas a Grécia ia na direção oposta. Então o Goldman Sachs veio em seu socorro, oferecendo um empréstimo secreto de 2,8 mil milhões de euros, disfarçado de swap cambial não contabilizado – uma operação complicada, em que a dívida da Grécia em moeda estrangeira foi convertida em obrigações em moeda local, utilizando uma taxa de câmbio fictícia.<br/><br/>Como resultado, cerca de 2% da dívida da Grécia magicamente desapareceram das suas contas nacionais. Christoforos Sardelis, então chefe da Agência de Gestão da Dívida Pública da Grécia, mais tarde descreveu o acordo na Bloomberg Business como “uma história muito sexy entre dois pecadores”. Pelos serviços, o Goldman recebeu a soma colossal de 600 milhões de euros (793 milhões de dólares), de acordo com Spyros Papanicolaou, que substituiu Sardelis em 2005. Isso representou quase 12% da receita da gigantesca unidade do Goldman de trading e principal-investments em 2001 – que, aliás, bateu recorde de vendas nesse ano. A unidade era dirigida por Blankfein.<br/><br/>Então, o negócio azedou. Após os ataques de 11 de setembro, o rendimento dos títulos caiu, resultando em grande perda para a Grécia por causa da fórmula usada pelo Goldman para calcular o pagamento da dívida do país com o swap. Em 2005, a Grécia já devia quase o dobro do que constara no acordo, fazendo a dívida não declarada saltar de 2,8 mil milhões para 5,1 mil milhões de euros. Em 2005, o acordo foi reestruturado e a dívida fixada em 5,1 milhões. Talvez não por acaso, Mario Draghi, hoje presidente do Banco Central Europeu e um ator importante no atual drama grego, era então o diretor da divisão internacional da Goldman.<br/></p><figure data-orig-width="1280" data-orig-height="853" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/b3cfa25acfd9cda4b0647f39c22ee3ae/tumblr_inline_nrzxobqA2Q1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1280" data-orig-height="853"/></figure><blockquote><p>Leonardo Di Caprio no filme "O Lobo de Wall Street” - quando a ficção se torna realidade </p></blockquote><p>A Grécia não foi a única a pecar. Até 2008, as normas contabilísticas da União Europeia permitiam que os membros gerissem as suas dívidas através das chamadas tarifas fora do mercado em trocas de moedas, estimuladas pelo Goldman e por outros bancos de Wall Street. No final da década de 1990, o JPMorgan permitiu que a Itália ocultasse a sua dívida trocando de moeda a uma taxa de câmbio favorável, comprometendo assim a Itália a realizar pagamentos futuros que não apareciam nas contas nacionais como obrigações futuras.<br/><br/>Mas era a Grécia quem estava em pior situação, e o Goldman foi o maior facilitador. Sem dúvida, o país sofre por anos de corrupção e evasão fiscal da sua elite. Mas o Goldman não foi um espectador inocente: aumentou o seu lucro, especulando ao máximo com a Grécia, assim como boa parte do mercado global. Outros bancos de Wall Street fizeram o mesmo. Quando a bolha estourou, toda aquela especulação deixou a economia mundial de joelhos.<br/><br/>Mesmo com a economia global a recuperar dos excessos de Wall Street, o Goldman ofereceu à Grécia outro artifício. No início de novembro de 2009, três meses antes de a crise da dívida do país se tornar notícia mundial, uma equipe da Goldman propôs um instrumento financeiro que prolongaria a dívida do sistema de saúde da Grécia por muitos anos. Desta vez, porém, a Grécia não aceitou.<br/><br/>Como sabemos, Wall Street foi socorrida pelos contribuintes norte-americanos. Nos anos seguintes, os bancos tornaram-se novamente rentáveis e reembolsaram os seus empréstimos de resgate. As ações dos bancos dispararam. Em novembro de 2008, uma ação do Goldman era negociada a 53 dólares; hoje, vale mais de 200 dólares. Os executivos do Goldman e de outros bancos de Wall Street têm recebido enormes bônus e promoções. Só no ano passado, Blankfein, hoje diretor-executivo do Goldman, ganhou 24 milhões dólares.<br/></p><figure data-orig-width="1024" data-orig-height="681" class="tmblr-full"><img src="http://41.media.tumblr.com/684823d3529e37265f744827efbac86f/tumblr_inline_nrzxvelyH71sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1024" data-orig-height="681"/></figure><blockquote><p>Blankfein, homem forte do Goldman Sachs, é o verdadeiro “lobo de Wall Street”: depois do risco de quebrar a economia global e ser resgatado pelo Estado, o executivo ganhou 24 milhões de dólares só no ano passado | Foto: State Department photo/ Public Domain</p></blockquote><p>Enquanto isso, o povo da Grécia luta para comprar remédios e comida.<br/><br/>Há situações análogas nos EUA, a começar pelos empréstimos predatórios feitos pelo Goldman, outros grandes bancos e empresas financeiras com que estavam aliados nos anos que antecederam o estouro da bolha. Hoje, enquanto os banqueiros gozam d férias nos Hamptons, milhões de americanos continuam a sofrer as consequências da crise financeira, quando perderam empregos, economias ou mesmo as suas casas.<br/><br/>Da mesma forma, cidades e estados americanos têm sido obrigados a cortar serviços essenciais por estarem presos a operações similares, negociadas pelos mesmos bancos de Wall Street. Muitas destas operações envolvem swaps como o realizado entre o Goldman e o governo grego. Assim como fizeram com o governo grego, o Goldman e outros bancos asseguraram aos municípios que a troca de taxa de variação cambial permitiria arranjar empréstimos mais baratos do que se negociassem com taxas fixas tradicionais – enquanto, por outro lado, minimizavam os riscos do negócio. Quando as taxas de juros desabaram e os swaps acabaram custando muito mais, o Goldman e os outros bancos recusaram-se a renegociar com os municípios, que tiveram que pagar pesadas multas para encerrar os contratos.<br/><br/>Há três anos, o Departamento de Água de Detroit teve de pagar ao Goldman e outros bancos multas num total de 547 milhões de dólares para encerrar swaps de taxas de juros desvantajosos. Hoje, 40% do preço das contas de água de Detroit ainda vão para o pagamento da multa. Moradores de Detroit, cuja água foi cortada porque não puderam pagar, não têm ideia de que os responsáveis pela situação são o Goldman e outros grandes bancos. Da mesma forma, o sistema educacional de Chicago – cujo orçamento já foi cortado até o osso – deve pagar mais de 200 milhões de dólares em multas pelo encerramento de uma operação de Wall Street que obrigava as escolas de Chicago a pagar 36 milhões de dólares por ano em swaps de taxas de juro.<br/><br/>Uma operação envolvendo swaps de taxa de juro que o Goldman negociou com Oakland, Califórnia, há mais de dez anos, acabou por custar à cidade cerca de 4 milhões de dólares por ano, mas o banco recusou-se a encerrar o acordo sem que Oakland pagasse 16 milhões de dólares pela rescisão – levando os legisladores locais a aprovar uma resolução para boicotar o Goldman. Quando, numa reunião de acionistas, Blankfein foi questionado sobre o caso, explicou que romper um contrato válido ia contra os interesses dos acionistas.<br/><br/>O Goldman Sachs e os outros bancos gigantes de Wall Street são extremamente hábeis para vender operações complexas, exagerando os seus lucros e minimizando os custos e riscos. É assim que abocanham taxas gigantescas. Quando um cliente tem problemas – seja este cliente um investidor americano, uma cidade dos EUA, ou a Grécia – o Goldman esquiva-se e esconde-se por trás de formalidades legais e dos interesses dos acionistas.<br/><br/>Os devedores que se encontram com problemas raramente são irrepreensíveis, é claro: além de gastarem muito, foram ingênuos ou estúpidos o bastante para embarcar na canoa do Goldman. A Grécia criou os seus próprios problemas, assim como muitos proprietários e municípios americanos.<br/><br/>Mas, em todos os casos, o Goldman Sachs sabia muito bem o que fazia. Conhecia melhor os riscos reais e os custos das operações que propunha do que aqueles que os aceitaram. “É uma questão de moralidade”, disse o sócio na reunião Goldman em que se abordou a situação de Oakland. Exatamente.<br/></p><hr><p><i>Artigo de <b>Robert B. Reich</b>, ex-Secretário do Trabalho dos EUA no tempo de Bill Clinton, publicado no jornal <a href="http://www.thenation.com/article/goldmans-greek-gambit/">The Nation</a></i><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124955543615http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124955543615Fri, 24 Jul 2015 19:17:19 -0400ultimasGréciaeconomiaausteridadecapitalismobancoscriseGoldman SachsLobo de Wall StreetHaddad: para o Papa, CD do Racionais, para os moradores de rua,...<img src="http://40.media.tumblr.com/cffcf169d083ba846dbe4c90df8123b2/tumblr_nrzzzmLmEL1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Haddad: para o Papa, CD do Racionais, para os moradores de rua, porrada<br/><i>Por Francisco Toledo</i></b><i><br/></i><br/>A “esquerda disney” continua toda animada sobre o presente que o prefeito Fernando Haddad (PT) deu para o Papa Francisco - o álbum ‘Sobrevivendo no Inferno’, dos Racionais. Ao mesmo tempo, a prefeitura de São Paulo continua avançando com a sua política higienista, em mais um caso de abuso e repressão por parte da Guarda Civil Municipal contra moradores de rua no centro da cidade - eles, literalmente, sobrevivem no inferno.<br/><!-- more --><br/>Nesta semana, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, resolveu presentear o pontífice com o disco “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais. O presente ocorre em visita do prefeito em um seminário internacional, realizado na terá (22). A escolha do disco surgiu após o coordenador de Políticas para a Juventude da Secretaria Municipal de Direitos Humanose  Cidadania do Estado, Cláudio Aparecido da Silva, resolver perguntar aos jovens da periferia paulista qual presente seria melhor dar ao Papa. <br/><br/>O disco histórico dos Racionais, gravado em 1997, conta a verdadeira história de como é ser pobre, negro e morar na periferia de uma grande cidade como São Paulo. Clássicos como “Diário de um Detento” estão neste álbum. <br/><br/>A “esquerda disney” ficou absurdamente louca com o presente de Haddad ao Papa. O <a href="https://ninja.oximity.com/article/Sobrevivendo-no-Inferno-o-presente-de-1">Mídia NINJA</a> postou até no site sobre o fato, super relevante. Outros portais “alternativos” de comunicação, como Pragmatismo Político e Revista Fórum, não deixaram o tema escapar. <br/><br/>Tudo é festa. O prefeito gourmet, das ciclofaixas em bairros nobres, mais uma vez conquistando a esquerda disney. Mas pena que nem tudo é festa. Se esses veículos alternativos, se esses ditos ativistas realmente prestassem atenção no que denuncia as letras das canções de Sobrevivendo no Inferno, diriam que no mínimo o presente de Fernando Haddad ao Papa Francisco é hipócrita. Eis o motivo.</p><figure data-orig-width="1024" data-orig-height="681" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/c5233c074d7c5f81762c133c4fb99db5/tumblr_inline_ns05jwadCr1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1024" data-orig-height="681"/></figure><blockquote><p>Moradores de rua na Praça 14 Bis, no Centro de São Paulo, relatam a ação repressiva e autoritária da Guarda Civil Municipal, ocorrida nesta semana, um dia após o prefeito Haddad entregar ao Papa o “presente” | Foto: Gabriel Soares/Guerrilha GRR</p></blockquote><p><b>A política segregacionista de Fernando Haddad<br/></b><br/>Não é a primeira vez que criticamos o prefeito gourmet, adorado pela esquerda disney. No começo do ano, eu já havia escrito sobre a <a href="http://www.guerrilhagrr.com.br/post/107326864210/caro-haddad-a-mascara-caiu-por-francisco-toledo">manobra política</a> do petista em relação ao aumento das passagens de ônibus em São Paulo. Rob Batista, também colaborador do Guerrilha, escreveu sobre a <a href="http://www.guerrilhagrr.com.br/post/119135988615/cidade-para-quem-por-rob-batista-no-ultimo-dia-15">ação repressiva da prefeitura na Cracolândia</a>, também neste ano. E voltando aos atos do MPL no começo do ano, Haddad utilizou dos movimentos estudantis desta esquerda disney para <a href="http://www.guerrilhagrr.com.br/post/121239749595/passe-livre-denuncia-acordo-entre-une-e-prefeitura">boicotar e esvaziar as manifestações</a> pela redução da tarifa, fazendo acordos e promessas. <br/><br/>Se não fosse o bastante, a gestão de Haddad ainda conta com mais uma característica autoritária: o segregacionismo. Nesta semana, o fotógrafo do Guerrilha, Gabriel Soares, acompanhou ativistas da Pastoral e o Padre Julio Lancelotti em uma visita aos moradores de rua na Praça 14 Bis, no Centro da cidade.<br/><br/>O motivo: na noite anterior, eles haviam sido brutalmente atacados pela GCM, a Guarda Civil Municipal, por ordens diretas da prefeitura. O objetivo era esvaziar a praça e fazer com que os moradores de rua saíssem de lá. Golpes, pontapés, agressões verbais, e até furto foram registrados pelos moradores. Por conta disso, Lancelotti levou com ele jornalistas e ativistas. Cobertores, comida e água também foram levados aos moradores pela Pastoral. <br/><br/>Isso ocorreu um dia depois do encontro entre o Papa e o prefeito Haddad. Não, você não viu isso nos Jornalistas Livres. Provavelmente também não deve ter visto isso na Fórum, CartaCapital, Pragmatismo Político, e afins. A esquerda disney estava muito ocupada, escutando Racionais enquanto elogiava o prefeito petista. “Mas, Francisco, quanto extremismo, foi um episódio isolado”. Não, não foi um episódio isolado.<br/><br/>Já em 2013, o Padre Julio Lancelotti denunciava os primeiros casos de segregacionismo partindo da prefeitura de Fernando Haddad contra os moradores de rua. Tratava-se de uma “política higienista”, disse Lancelotti. As críticas surgiram após a prefeitura expulsar moradores de rua em aglomerações no Centro, como na Praça da Sé, com o objetivo de afastar o tráfico de drogas da região. Para o padre, “quem alimenta o tráfico não está na Sé”, e já na época, ele apontou a necessidade de uma política pública viável e democrática para tratar a questão dos moradores de rua, sem higienismo e segregacionismo. Mas isso não rolou.</p><figure data-orig-width="1024" data-orig-height="681" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/e46bc932beaeb83573a99eb3b07ba91f/tumblr_inline_ns06oak9uz1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="1024" data-orig-height="681"/></figure><blockquote><p>Um dos moradores da Praça 14 Bis mostra a cicatriz e marcas da agressão da GCM | Foto: Gabriel Soares/Guerrilha GRR</p></blockquote><p>Em julho deste ano, a prefeitura mandou retirar os sem-teto que moravam de baixo do Minhocão. A ação ocorreu por conta da nova ciclovia feita pela prefeitura no local, expulsando cerca de 78 moradores de rua que se abrigavam ali. Segundo a prefeitura, os antigos moradores foram recolocados em centros de acolhimento - e só. Não foi dado nenhum tipo de tratamento especial e específico, como um programa educacional, um programa de trabalho para criação de renda ao morador de rua, absolutamente nada. Desta forma, o que a prefeitura faz é apenas adiar o “problema”, e muda-lo de local.<br/><br/>Neste ano, para a Ponte Jornalismo, o Padre Julio Lancelotti voltou a falar sobre o tema. Na matéria, Lancelotti destacou o caso ocorrido em abril deste ano, quando uma ação conjunta do governo do estado e da prefeitura reprimiu moradores na Cracolândia, após a prefeitura desmontar e retirar barracas e carroças, inclusive de dependentes químicos, para o lançamento da nova fase do “Programa Braços Abertos”. De acordo com moradores, durante a ação, apelidada de <a href="http://ponte.org/baltimore-e-aqui-vira-grito-de-guerra-na-cracolandia">“Baltimore é aqui”</a>, houve disparo de bombas de gás lacrimogêneo. O saldo foi de três feridos: dois moradores e um PM.  O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), elogiou a ação pelo Twitter. “Redução de dano: Parabéns à GCM por desmontar as barracas que serviam ao tráfico e permitir mais 126 dependentes acolhidos no Braços Abertos”.<br/><br/>De acordo com Lancellotti e movimentos sociais, a repressão teria tido como motivação uma “limpeza de área” para a inauguração do <a href="http://ponte.org/policia-tenta-esvaziar-cracolandia-em-estreia-de-teatro/">Teatro Porto Seguro</a>, que ocorreu no dia 5. “Para nós, higienização violenta da Cracolândia da Luz é resultado de um acordo da Prefeitura com a Porto Seguro”, afirma o padre.<br/><br/>Enquanto isso, novas ciclovias surgem em bairros de classe nobre da capital, para desfruto da esquerda disney. Já em bairros medianos, como na região do Jaguaré - mais necessariamente a Avenida Corifeu - ciclistas reclamam da ciclofaixa feita na avenida, que além de pequena, faz com que o ciclista corra o risco de ser acertado por uma árvore ou por um carro. Isso quando a prefeitura faz ciclofaixas fora dos bairros nobres - sendo que na maioria dos bairros periféricos, isso ainda nem existe. <br/><br/>Nisso, vem a pergunta: do que adianta presentear o Papa com um álbum que denuncia o racismo, segregacionismo e brutalidade na periferia, quando quem entregou o presente continua a aplicar os mesmos métodos contra essa população? E o que a esquerda ganha aplaudindo isso? Em 2016, veremos o motivo de tanto silêncio e puxação de saco…</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="681" data-orig-width="1024"><img src="http://40.media.tumblr.com/0b2f423dff2f67ecec71d575c7c929b5/tumblr_inline_ns078az7Da1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="681" data-orig-width="1024" alt="image"/></figure><blockquote><p>O Padre Julio Lancelotti, marcando presença na ajuda aos moradores de rua da Praça 14 Bis | Foto: Gabriel Soares/Guerrilha GRR</p></blockquote><p><b><i>» Francisco Toledo é fotógrafo e Gestor de Conteúdos e Projetos do coletivo Guerrilha GRR</i></b><br/><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124955539530http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124955539530Fri, 24 Jul 2015 19:17:15 -0400ultimasFernando HaddadPapa FranciscoRacionais Mc'srapsegregaçãodesigualdadeSão PauloHumilhação, xingamentos e tortura: a formação de policiais...<img src="http://41.media.tumblr.com/c6c10345220481122363b7b51102e305/tumblr_nry4fiV8kQ1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Humilhação, xingamentos e tortura: a formação de policiais militares no Brasil<br/><i>Por Ciro Barros | Agência Pública</i></b><i><br/></i><br/>Praças da Polícia Militar criticam abusos físicos, psicológicos e disciplinares dentro da corporação: ‘como uma polícia antidemocrática vai cuidar de uma sociedade democrática?’, pergunta ex-soldado expulso por suas críticas.<br/><!-- more --><br/>“Bora, bora, você é um bicho. Você é um jumento, seu gordo!”. O ex-soldado Darlan Menezes Abrantes imita a fala dos oficiais que o instruíam na academia quando ingressou na Polícia Militar do Ceará, em fevereiro de 2001. “Às vezes, era hora do almoço e os superiores ficavam no meu ouvido gritando que eu era um monstro, um parasita. Parecia que tava adestrando um cachorro. O soldado é treinado pra ter medo de oficial e só. O treinamento era só mexer com o emocional, era pro cara sair do quartel igual a um pitbull, doido pra morder as pessoas. Como é que eu vou servir a sociedade desse jeito? É ridículo. O policial tem que treinar o raciocínio rápido, a capacidade de tomar decisões. Hoje se treina um policial e parece que se está treinando um cachorro pra uma rinha de rua”, reflete.<br/><br/>Darlan lembra sem saudade dos sete meses passados no extinto Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PM cearense. “Sempre que um professor faltava, éramos obrigados a fazer faxina em todo o quartel. E o pior: quem reclamava podia ficar preso o fim de semana todo. A hierarquia fica acima de tudo no militarismo. O treinamento era só aquela coisa da ordem unida [exercícios militares de formação de marcha, de parada ou reunião dos membros da tropa], ficar o dia inteiro marchando debaixo do sol quente. Lá dentro é um sistema feudal, você tem os oficiais que podem tudo e os soldados que abaixam a cabeça e pronto, acabou. Você é treinado só pra ter medo de oficial, só isso. O soldado que vê o oficial, mesmo de folga, se treme de medo”, diz.<br/><br/>Enquanto era policial, Darlan estudava Teologia no Seminário Teológico Batista do Ceará e Filosofia na UECE (Universidade Estadual do Ceará). O ex-soldado conta que passou a questionar algumas ordens e instruções enquanto frequentava a academia e logo ganhou um apelido: “Mazela”, uma gíria mais comum no nordeste do Brasil para uma pessoa mole, preguiçosa. Pouco a pouco se espalhava entre a tropa a ideia de que os questionamentos do “Mazela” eram fruto de preguiça com relação aos exercícios militares.</p><figure data-orig-width="960" data-orig-height="639" class="tmblr-full"><img src="http://41.media.tumblr.com/bb1e444dac0114affc0dcb03b9244dde/tumblr_inline_nry4abku2Y1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="960" data-orig-height="639"/></figure><blockquote><p>Formatura de policiais militares do Rio de Janeiro no começo de 2014</p></blockquote><p>“Fiquei com essa fama no quartel”, afirma. “É uma lavagem cerebral. O militarismo é uma espécie de religião que cria fanáticos. Ordem unida, leis militares, os regimentos e tal, aqueles gritos de guerra. Essas coisinhas bestas que os policiais vão aprendendo, como arrumar direito a farda. Você pode ser preso se não tiver com um gorro ou chapéu na cabeça. Essas coisas que só atrapalham a vida dos policiais. Às vezes eu pegava um ônibus superlotado, chegava com a farda amassada e ficava sexta, sábado e domingo preso. Você imagina? Por causa de uma besteira dessas? Isso é ridículo”, exclama. “E isso é antes e depois do treinamento: se você for hoje na cavalaria da PM de Fortaleza você vai ver policial capinando, pegando bosta de cavalo, varrendo chão, lavando carro de coronel, abrindo porta para os semideuses [oficiais]. Eu nunca concordei com isso e fiquei com fama de preguiçoso”, diz.<br/><br/>O assédio moral é a regra na formação da PM em cursos de curta duração que tem como preocupação principal imprimir a cultura militar no futuro soldado; com pouco aprendizado teórico em temas como direito penal, constitucional e direitos humanos; além da sujeição a regulamentos disciplinares rígidos. É o que constatou a pesquisa <a href="http://www.forumseguranca.org.br/storage/download/ApresentacaoFinal.pdf">“Opinião dos Policiais Brasileiros sobre Reformas e Modernização da Segurança Pública”</a> publicada em 2014 pelo Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas (CPJA), da Escola de Direito da FGV de São Paulo, e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram ouvidos mais de 21 mil profissionais de segurança pública (entre policiais civis, militares, rodoviários federais, agentes da polícia científica, peritos criminais e bombeiros) de todas as unidades da federação, mais da metade deles policiais militares, sobretudo praças (policiais de patentes mais baixas). Destes, 82,7% afirmaram ter formação máxima de um ano antes de exercer a função, 38,8% afirmaram que já foram vítima de tortura física ou psicológica no treinamento ou fora dele e 64,4% disseram ter sido humilhados ou desrespeitados por superiores hierárquicos. 98,2% de todos os profissionais (incluindo profissionais de outras áreas) que responderam a pesquisa afirmaram que a formação e o treinamento deficientes são fatores muito importantes para entender a dificuldade do trabalho policial.<br/></p><figure data-orig-width="960" data-orig-height="1130" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/dc338712aee6231e9cc77b028a8a3449/tumblr_inline_nry4biIo7H1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="960" data-orig-height="1130"/></figure><blockquote><p>Infografia: Marcelo Grava / Agência Pública<br/></p></blockquote><p>Apesar dos números alarmantes, o tema ainda é pouco discutido dentro da corporação e fora dela. Em vários estados, os regimentos internos das polícias militares proíbem expressamente que os policiais se manifestem a respeito da própria profissão. Eles também dizem ter pouco espaço para denunciar as violações sofridas por eles no dia a dia – a estrutura fechada e hierárquica do militarismo dá poucas brechas para denúncias ou críticas dos policiais com relação à própria formação, principalmente fora dos quartéis. Mesmo que essas denúncias se refiram ao descumprimento de direitos humanos primordiais.<br/><br/><b>Morto por “suga”<br/></b><br/>A ênfase excessiva na preparação física nos cursos de formação já resultou até em mortes. O caso mais recente talvez tenha sido o do <a href="http://extra.globo.com/casos-de-policia/apos-uma-semana-internado-recruta-do-cfap-tem-morte-cerebral-decretada-10814546.html">ex-recruta da PM Paulo Aparecido dos Santos, de 27 anos, morto em novembro de 2013 após uma sessão de treinamentos no CFAP (Centro de Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar) do Rio de Janeiro. </a>Paulo morreu após uma “suga”, gíria dos policiais cariocas para as sessões de treinamentos físicos que levam os recrutas até o esgotamento físico.<br/><br/>Durante a sessão, segundo os relatos de outros recrutas ouvidos pelo repórter Rafael Soares do jornal Extra, quem não conseguia acompanhar o ritmo da sessão de treinamentos físicos era obrigado a sentar no asfalto quente – naquele dia fez mais de 40 graus no bairro de Sulacap, zona oeste do Rio, onde está localizado o CFAP – ou submetido a choques térmicos com água gelada.<br/><br/>No mesmo dia em que Paulo morreu, outros 32 alunos precisaram de atendimento médico – 18 com queimaduras nas nádegas ou nas mãos. <a href="http://extra.globo.com/casos-de-policia/oito-oficiais-sao-denunciados-por-treinamento-que-terminou-com-morte-de-recruta-penas-podem-chegar-mil-anos-14661966.html">Oito oficiais foram denunciados pelo Ministério Público pela morte de Paulo.</a> O caso ainda tramita na Justiça Militar.<br/><br/><a href="http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/pms-relatam-excessos-em-formacao-21g5drijcbosedjm2xzrpzt5a">Em 2012, três batalhões de Curitiba foram denunciados por excessos relacionados à formação dos recrutas</a>. O roteiro é o mesmo: verdadeiras sessões de tortura física e psicológica, castigos, punições rigorosas. Há até uma acusação de assédio sexual (segundo a denúncia, um cabo teria beijado uma recruta à força).<br/><br/><b>Lição de tortura<br/></b><br/>A institucionalização de violações de direitos humanos dentro da PM na formação e treinamentos dos seus integrantes reflete-se diretamente na maneira como reagem no cotidiano com a população. Um relato exemplar está n<a href="http://verdadeaberta.org/">o relatório final da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo</a>, em que o sociólogo e ex-secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Soares, afirmou em depoimento concedido no dia 28 de novembro de 2013: “O BOPE [Batalhão de Operações Policiais Especiais, pelotão de elite da PM fluminense] oferecia, até 2006, aulas de tortura. 2006! Aulas de tortura! Não estou me referindo, portanto, apenas às veleidades ideológicas (…), nós estamos falando de procedimentos institucionais”, afirmou.<br/><br/>Foi a essa realidade que o então recruta Rodrigo Nogueira Batista, egresso da Marinha, foi apresentado ao participar das Operações Verão nas Praias dois meses depois de ingressar na PM, descritas por ele como uma espécie de estágio que os recrutas fazem com policiais mais antigos nas praias nobres da capital fluminense – Ipanema, Copacabana, Barra da Tijuca, Botafogo, Recreio.<br/><br/>“A minha turma partiu pro estágio com dois meses de CFAP, dois meses dentro do CFAP tendo meio expediente e depois rua. Lá fomos nós de cassetete, shortinho e camisa da Polícia Militar, isso pra população ver aquele monte de recruta passando para poder dar o que eles chamam de ‘sensação de segurança pra população’”, relembra. “Eles colocam o policial antigo armado e dois ou três ‘bolas-de-ferro’, como eles chamam os recrutas, justamente por dificultar a movimentação do policial antigo. A gente chegava e o antigo ficava angustiado com a nossa presença porque queria pegar dinheiro do flanelinha, do cara que vende mate, da padaria e quando ele ia no português comer alguma coisa tinha que dividir com os “bolas-de-ferro”’, lembra. Na rua: “a barbárie imperava: pivete roubando, maconheiro… Tudo que tu imaginar. Quando caía na mão era só porrada, porrada, porrada, gás de pimenta, muito gás de pimenta. Foi ali que eu tive contato com as técnicas de tortura que a Polícia Militar procede aí em várias ocasiões”, afirma.<br/><br/>“Você vê agora o caso do Amarildo”, comenta. “Aqueles policiais que participaram do caso Amarildo, pelo menos de acordo com o que o inquérito está investigando, estão fazendo as mesmas práticas que eu já fazia, que o meu recrutamento já fazia, que outros fizeram bem antes de mim e que já vêm de muitos anos. Vêm de uma cultura”, analisa.<br/></p><figure data-orig-width="960" data-orig-height="640" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/6b40e7c568d96bb67b75c7a5e9a6381b/tumblr_inline_nry4gmPI4C1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="960" data-orig-height="640"/></figure><blockquote><p>O ex-soldado da PM, Rodrigo Nogueira, preso em Bangu 6 desde 2009, fala de seu livro “Como nascem os monstros”, durante entrevista em junho de 2015 | Foto: Bel Pedrosa / Agência Pública<br/></p></blockquote><p>Entrevistamos Rodrigo em Bangu 6, o presídio destinado a ex-policiais, bombeiros, milicianos, agentes penitenciários dentro do complexo penitenciário carioca. Condenado a 30 anos de reclusão, somando-se as penas recebidas na <a href="http://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/2638802/crime-da-vista-chinesa-pm-e-condenado-e-perde-o-cargo">esfera civil</a> e <a href="http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2011/05/justica-militar-condena-pms-por-furto-extorsao-e-atentado-violento-ao-pudor.html">militar</a>, ele falou com a Pública numa salinha apertada dentro da penitenciária. Rodrigo é autor de “Como Nascem os Monstros” (Editora Topbooks), um catatau de mais de 600 páginas onde descreve o que considera o processo de “perversão” a que são submetidos os jovens na corporação e que o teria levado a ser condenado por crimes como tentativa de homicídio triplamente qualificado, furto, extorsão e atentado violento ao pudor (ele nega ter cometido os crimes pelos quais foi condenado, mas afirma que não é inocente e que já cometeu outras arbitrariedades quando PM).<br/><br/>“Por exemplo, um pivete roubou uma coisa de um turista e correu. O policial corre atrás do pivete e pega o pivete. Quando ele consegue chegar no pivete, ele já jogou o que ele roubou fora, e ele é menor de idade, não pode ser encaminhado para a delegacia. Porra, mas o policial sabe que ele roubou. Aí entra o revanchismo, a hora da vingança. Primeiro lugarzinho separado que tiver (cabine, atrás de um prédio, dentro dos postos do guarda-vidas) é a hora da válvula de escape”, resume. E como é orientado o recruta antes de ir para rua? “Uma das instruções que os oficiais davam antes do efetivo sair pro policiamento era: ‘olha, vocês podem fazer o que vocês quiserem, pega o pivete, bate, quebra o cassetete, dá porrada no flanelinha. Só não deixa ninguém filmar e nem tirar foto. O resto é com a gente. Cuidado em quem vocês vão bater, cuidado com o que vocês vão fazer e tchau e benção’”, relata. “O camarada começa a ver um pivete levando choque, spray de pimenta no ânus, no escroto, dentro da boca e não sente pena nenhuma. Pelo contrário, ele ri, acha engraçado. E tem um motivo: se nesse momento que o mais antigo pegou o pivete e começa a fazer isso, se você ficar sentido, comovido por aquela prática, pode ter certeza que vai virar comédia no batalhão, vai ser tido como fraco. Vai ser tido como inapto para o serviço policial”, afirma.<br/><br/>Segundo ele, quem demonstra “fraqueza” ou “covardia” num momento como esse começa lentamente a ser destacado e afastado das funções de “linha de frente” da corporação. “Se você é duro, você vai trabalhar na patrulha, no GAT [Grupamento de Ações Táticas], na Patamo [Patrulhamento Tático Móvel]… Agora você que é mais sensato, que não vai se permitir determinadas coisas, não tem condições de você trabalhar nos serviços mais importantes. Não tem como o camarada sentar no GAT se não estiver disposto a matar ninguém. Não tem como. E não é matar só o cara que tá com a arma na mão ali, é matar alguém porque a guarnição chega a essa conclusão: ‘Não, aquele cara ali a gente tem que matar’. Aí é cerol mesmo”, garante.<br/><br/>Essa disposição pra matar na “linha de frente” relatada por Rodrigo se traduz em casos reais ocorridos com as PMs. <a href="http://ponte.org/pm-da-rota-que-disse-ser-vergonha-nao-matar-3-em-5-anos-de-rua-e-preso-administrativamente/">Em um áudio revelado pelo repórter Luís Adorno, da Ponte, </a>o 1º tenente da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista) Guilherme Derrite afirma: “A polícia tá como sempre, né, querendo reduzir a letalidade policial. Então os tenentes, principalmente os oficiais, mas também cabos e soldados que nos últimos cinco anos se envolveram em três ocorrências ou mais que tenham resultado em evento morte do criminoso estão sendo movimentados. Até eu que tô fora da rua há dois anos me encaixo nessa lista. Porque pro camarada trabalhar cinco anos na rua e não ter ma… três ocorrências, na minha opinião, é vergonhoso né?”<br/><br/><b>Sim senhor, Não senhor<br/></b><br/>A cultura de violência nasce com a desumanização do próprio PM já na formação, relatam os entrevistados. “O soldado da polícia militar não tem direito nenhum. A gente tem que dormir em alojamentos sujos, caindo aos pedaços. Cada um tinha que trazer a sua rede pra dormir no alojamento. Os colegas casados que fizeram o treinamento passaram muitas dificuldades porque passamos três meses sem receber salário. O soldado só tem direito de dizer sim senhor e não senhor e de marchar o tempo todo”, resume o ex-soldado Darlan Menezes Abrantes. “Como uma polícia antidemocrática vai cuidar de uma sociedade democrática?”, pergunta.<br/><br/>Autor de um livro intitulado “Militarismo: um sistema arcaico de segurança pública” (Editora Premius), Darlan foi expulso da polícia cearense em janeiro de 2014, após 13 anos de PM. O que causou a expulsão, segundo ele, foi o livro. “Eu fui pra algumas universidades aqui de Fortaleza distribuir o livro e fiquei do lado de fora da Academia [Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (AESP-CE)] na hora do almoço. Aí os alunos vinham, pegavam o livro e levavam pra dentro. Durante uma das aulas, alguns alunos perguntaram para uma professora porque aqui no Brasil tinha polícia militar se na maioria dos países do mundo ela não era militarizada. Os alunos falaram que tinham visto no meu livro. Aí, pronto. Começaram a investigar a minha vida, abriram um IPM [Inquérito Policial Militar], eu fui interrogado e eu fiquei impedido de trabalhar na rua”, conta.<br/></p><figure data-orig-width="960" data-orig-height="638" class="tmblr-full"><img src="http://40.media.tumblr.com/f9d833105eda6a9cd45275f5485ef509/tumblr_inline_nry4ilaYMA1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="960" data-orig-height="638"/></figure><blockquote><p>Darlan Menezes Abrantes, ex-soldado da PM de Ceará e autor do livro “Militarismo: um sistema arcaico de segurança pública” | Foto: Agência Pública<br/></p></blockquote><p>No capítulo 11 do livro de Darlan, há algumas frases anônimas ditas por seus colegas a respeito da PM.  “Os oficiais são uns sanguessugas”, diz uma das frases; “a PM é a polícia mais covarde que existe, pois só prende pobre”, afirma outra. “No meu interrogatório, eles queriam que eu dissesse o nome de cada policial que falou as frases, pra cada policial ser punido. A minha advogada alegou sigilo da fonte, igual vocês jornalistas têm. Em outra sessão, nessa época que eu tava respondendo o processo, eu tentei argumentar com um capitão. ‘Não, capitão, é meu direito escrever o livro’. Ele ironicamente pegou uma folha de papel em branco e jogou na minha frente, dizendo: ‘Aqui, os seus direitos’”, diz.<br/><br/>A PM cearense alegou que a expulsão se baseava em vários artigos do Código Disciplinar e do Código Penal Militar e que a conduta do ex-soldado ia de encontro ao pudor e decoro da classe. Em <a href="http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei.complementar/2001/lei.complementar-893-09.03.2001.html">São Paulo</a> e no <a href="http://pt.scribd.com/doc/79958144/Codigo-Disciplinar-da-Policia-Militar-e-do-Corpo-de-Bombeiros-Militar-do-Ceara#scribd">Ceará</a>, é proibido ao policial “publicar, divulgar ou contribuir para a divulgação irrestrita de fatos, documentos ou assuntos administrativos ou técnicos de natureza policial, militar ou judiciária que possam concorrer para o desprestígio da Corporação Militar”. Darlan denunciou sua expulsão ao Ministério Público do Ceará e entrou com uma ação de reintegração na Justiça ainda não julgada. Procurada pela Agência Pública, a PM cearense não quis explicar o motivo da expulsão de Darlan nem comentar as declarações dele.<br/><br/><b>Regulamentos “obsoletos e antidemocráticos”<br/></b><br/>“Imagina um professor que não pode falar de educação ou um médico que não pode falar de saúde. Em muitos estados, o policial não pode falar de segurança pública”, afirma o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ. Ele é <a href="http://apublica.org/wp-content/uploads/2015/07/5-Lei-Disciplinar.pdf">autor de um estudo que analisou os “manuais de conduta” dos PMs </a>com o objetivo de comparar os códigos e legislações disciplinares das corporações de segurança pública no Brasil.<br/><br/>“Os regulamentos disciplinares da PM são obsoletos, antidemocráticos, muitos deles pré-constitucionais”, define o sociólogo. “Eles foram criados para garantir a hierarquia e a disciplina dentro da corporação e a imagem da corporação, não foram feitos para proteger nem a população e nem o policial”, afirma o professor. “A maior parte da formação na PM é para o policial aprender normas, tanto as leis quanto as normas internas da corporação, e correr pra cima e pra baixo pra ficar em forma. A educação física não é dada com um propósito de saúde do trabalho, ela também está nessa lógica da disciplina. O que alguns especialistas e membros da polícia dizem que, implicitamente, esses artigos abusivos foram derrubados com a Constituição. O fato é que o diploma legal continua vigente”, diz.<br/><br/>Segundo seu estudo, ao menos 10 unidades da federação possuem regulamentos anteriores à Constituição, inspirados no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE). Alguns estados até adotam diretamente o RDE como regulamento nas polícias militares. Isso foi determinado a partir de um decreto da ditadura, o <a href="http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1960-1969/decreto-lei-667-2-julho-1969-374170-normaatualizada-pe.pdf">Decreto-Lei 667, de 2 de julho de 1969</a>. O artigo 18 do decreto estabelece que: “As Polícias Militares serão regidas por Regulamento Disciplinar redigido à semelhança do Regulamento Disciplinar do Exército e adaptado às condições especiais de cada Corporação”.<br/><br/>“Nos regulamentos que nós analisamos, nós vimos casos extremos neste estudo, como regulamentos que estipulam que, se um policial em posição superior bater num policial de nível inferior para obrigar a cumprir uma ordem, então não tem problema, é uma coisa normal. Esse é um dos casos mais extremos”, afirma Ignacio Cano. Ele cita outros abusos, decorrentes do excesso de regulação. “Há todo um moralismo especial sobre o policial que regula até a vida privada dele. Ele não pode fazer coisas que a maioria dos mortais fazem: se embebedar, contar uma mentira, contrair dívidas. Ele pode ser punido por essas coisas. Isso cria uma visão de super-homem moral que não existe, isso sujeita os policiais a riscos permanentes de punição por condutas que a maioria dos brasileiros fazem”, explica.<br/><br/>Há vários exemplos dessa regulação da vida privada dos policiais. No Espírito Santo, segundo o regulamento, é proibido aos policiais “manter relacionamento íntimo não recomendável ou socialmente reprovável, com superiores, pares, subordinados ou civis”. No Amazonas, é vedado ao policial “falar, habitualmente, língua estrangeira, em estacionamento ou organização policial militar, exceto quando o cargo ocupado pelo policial militar o exigir”. Em nove estados, constitui uma transgressão disciplinar o policial “contrair dívidas ou assumir compromissos superiores às suas possibilidades, comprometendo o bom nome da classe”.<br/><br/>A hierarquia é o valor supremo nos manuais das PMs. Os regulamentos disciplinares das polícias de <a href="http://www.pm.al.gov.br/bprv/downloads/downloads_rdpmal.pdf">Alagoas</a> e <a href="http://www.cbm.mt.gov.br/downloads/1410.pdf">Mato Grosso</a> proíbem: “sentar-se a praça, em público, à mesa em que estiver oficial ou vice-versa, salvo em solenidades, festividades, ou reuniões sociais”. Em outros sete estados, é uma transgressão disciplinar o policial que está sentado deixar de oferecer seu lugar a um superior. Só nove estados classificam as transgressões tipificadas nas categorias comuns (Leve, Média, Grave e Gravíssima); nos demais fica a cargo do superior estipular a gravidade da transgressão.<br/><br/>“Os direitos humanos dos policiais são lesados frequentemente com esses regulamentos. E aí nós queremos que eles respeitem os direitos humanos dos cidadãos quando eles como seres humanos e trabalhadores não tem os seus direitos respeitados”, observa Cano. “Quando você trata o policial de uma forma autoritária e arbitrária, o que você está promovendo é que ele trate o cidadão da mesma forma. Ele tende a descontar no cidadão a repressão que sofre no quartel. Ele tende a ser autoritário, arbitrário, impositivo. Ele não tem diálogo no quartel, por que ele vai dar espaço pra isso com o cidadão? Ele tende a esperar do cidadão a mesma moral que a dele”, argumenta o sociólogo.<br/></p><figure data-orig-width="960" data-orig-height="640" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/3a081668caaa03a6dad6b171b7740690/tumblr_inline_nry4l3HIXZ1sb3lre_540.jpg" alt="image" data-orig-width="960" data-orig-height="640"/></figure><blockquote><p>Formatura de soldados da Polícia Militar de São Paulo em abril de 2014 | Foto: Diogo Moreira / GESP / Fotos Públicas</p></blockquote><p>Principal nome à frente do site <a href="http://www.rededemocraticapmbm.com.br/">Rede Democrática PM BM</a>, o primeiro sargento da PMDF Roner Gama é um exemplo da restrição da corporação à liberdade de expressão de seus integrantes. “Essa carga negativa da ditadura se reflete em procedimentos internos punitivos que existem ainda hoje. O policial, por exemplo, não pode se manifestar na rede social sobre certos aspectos internos da corporação sob o risco de responder. Eu mesmo estou respondendo a diversos inquéritos e sindicâncias por me expressar ali naquele site. Hoje mesmo eu vou na Corregedoria responder por um comentário que alguém fez no site. É uma coisa chata, constrangedora. A PM é a única instituição do país em que o agente não pode questionar o seu superior. Um servidor público não pode questionar procedimentos internos? É algo fora do contexto que vivemos. É totalmente absurdo”, afirma.<br/><br/>Com mais de 20 anos de experiência dentro das academias de polícia brasileiras e latino americanas, a antropóloga e professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, afirma: “No Brasil, nós temos uma lógica aristocrática pautada em privilégios que perverte o sentido da hierarquia e da disciplina. É um abuso de poder continuado, como acontece com regulamentos disciplinares caducos e inconstitucionais”, analisa.<br/><br/>“Os próprios policiais dizem nas ruas e nas minhas pesquisas que a motivação deles é a punição. Isso reflete ambientes de pouca cidadania, transparência, de poucos reconhecimentos dos direitos constitucionais de um dos principais atores da democracia. O policial é quem faz valer a Constituição na esquina, não é o Rex que late e abana o rabo. Ele não tem que cortar grama do superior hierárquico, virar motorista da esposa do coronel, servir cafezinho, ceder lugar na fila do cinema pro superior. Essa cultura faz com que o policial se sinta inseguro na rua justamente por uma insegurança institucional e um policial inseguro é pior do que um policial mal pago. Ele se vê o tempo todo com medo de ser punido. Os policiais sempre dizem: ‘se eu faço demais eu sou punido, se eu faço de menos eu sou punido, se eu não faço, eu sou punido’. Faltam parâmetros de aferição qualificada para o trabalho policial e isso ainda depende de nós instituirmos um processo formativo profissional pras polícias”, analisa.<br/><br/>“Polícia não se improvisa. Um policial experiente custa muito caro à sociedade, ele não pode ser substituído porque morreu ou porque se acidentou”, conclui a antropóloga.<br/><br/><b>“Eu já caí no chão paraplégico”<br/></b><br/>Em 1989, Saul Humberto Martins, hoje beirando os 50 anos, sonhava em entrar na Polícia Militar do Distrito Federal. Ele diz que achava a profissão bonita, que via muitas coisas ruins nas ruas e achava que podia contribuir como policial. Saul entrou na corporação por concurso, tornou-se cabo da PM e trabalhou como policial por 18 anos até ser atingido por um tiro acidental durante uma instrução, em abril de 2008, que o fez ficar paraplégico.<br/><br/>“Aquele dia estava tendo um curso de Radiopatrulhamento que tinha começado. Eu não fazia parte do curso, tava em outra área, mas me pediram pra dar um apoio. E eu fui”, relembra. No curso, voltado a policiais com mais de dez anos de polícia, Saul deveria simular que era um criminoso e, em várias situações, tentar tomar a arma das mãos de outro policial. Ele então tirou o colete balístico que usava para ter mais mobilidade e para representar o papel de “meliante”.<br/><br/>Antes do treinamento, todos os participantes eram orientados a descarregar suas armas. Porém, durante a instrução, um soldado participante do curso disse que estava com dor de cabeça e quis deixar o quartel para ir à farmácia. Ele saiu do local, carregou a arma e colocou na cintura e foi de viatura comprar remédio. Quando retornou, o soldado se esqueceu da arma carregada. “Assim que ele chegou, um oficial entrou na parte de trás do carro e falou pro soldado: ‘vamo que agora é a vez de vocês fazerem a abordagem’. Eles entraram no local da instrução, que era um local fechado. Quando eles entraram, o oficial orientou: ‘aborda aquele pessoal lá’”, afirma. Na simulação, Saul foi orientado a reagir à abordagem. Quando ele reagiu, o soldado que tinha saído disparou a arma carregada.<br/><br/>“O tiro pegou na minha omoplata, perfurou o pulmão, a coluna e se alojou na minha medula. Eu já caí no chão paraplégico”, diz. O episódio de Saul foi filmado e pode ser visto <a href="https://www.youtube.com/watch?v=nXLqm8BBeQU">aqui</a> (as imagens são muito fortes). Saul ficou um mês internado no Hospital Regional de Taguatinga. A corregedoria da PM do Distrito Federal condenou o oficial instrutor do curso e o soldado que disparou a arma a nove meses de prisão (convertidos em serviços comunitários), mas seguem na corporação. Saul, que hoje é pastor evangélico, ainda pleiteia sua indenização na Justiça.<br/><br/>“Quem tava dando a instrução no dia do meu acidente não era instrutor. Simplesmente porque ele era oficial ele tava lá dando a instrução, mas ele não tinha preparo pra dar aquela instrução. Depois do meu acidente houve vários outros casos. Teve um colega meu que não foi bem orientado numa instrução de tiro, ele disparou, a cápsula bateu no olho dele e ele saiu de lá cego. Teve outro que levou um tiro no joelho e teve que amputar a perna. Teve <a href="http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/12/sargento-da-pm-e-baleado-e-morre-durante-treinamento-no-df.html">o caso do sargento Silva Barros que morreu lá no Guará</a>, que recebeu um tiro dentro do Quarto Batalhão de Polícia Militar. Teve até <a href="http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2012/07/policial-militar-do-df-morre-apos-ser-baleado-durante-treinamento.html">um instrutor do Bope que morreu também</a>”, relembra. “Nós precisamos de instrutores mais bem preparados. Temos bons instrutores, mas o problema é que eles querem colocar os oficiais piás na instrução só porque são oficiais. Tem muito sargento bom de instrução que não pode virar instrutor, porque eles querem ter esse privilégio. Puramente pela hierarquia”, reflete.<br/><br/>Sobre o treinamento em si, Saul critica o foco excessivo nos treinamentos de ordem unida. “O cara fica dentro da academia e 50% do curso é pra aprender militarismo. Precisamos de um treinamento mais técnico e profissional. O policial tem que ter mais treinamento de tiro, pra ele saber atirar, não pra matar ninguém, mas pra saber atirar quando for necessário”, opina.<br/><br/>A Agência Pública tentou contato com alguns dos policiais acidentados no Distrito Federal, mas eles se recusaram a falar. Em nota, a PMDF afirmou que “faz treinamentos constantes com o objetivo de cada vez mais aprimorar e atualizar o seu pessoal, e esses treinamentos são realizados com armamento de fogo para simular reais situações de perigo e ação dos policiais. Todas as medidas de cuidado são tomadas, mas infelizmente acidentes acontecem, não só aqui, mas em qualquer lugar do mundo, e além do mais, a PMDF tem um dos menores índices de acidentes que causem graves lesões ou até mesmo a morte de nossos policiais”, conclui a nota.<br/><br/><b>Cultura da ditadura<br/></b><br/>“Nosso sistema de segurança pública traz ainda muita coisa da época da ditadura, inclusive a formação”, afirma o cabo da PM de Santa Catarina Elisandro Lotin, presidente da Anaspra (Associação Nacional de Praças da Polícia Militar). “Nós já fizemos inúmeras denúncias [sobre os cursos de formação]. Recentemente, aqui em Santa Catarina tinha uma academia de polícia com 200 mulheres e elas foram obrigadas a ficar em posição de apoio e fazer flexões no asfalto quente às três horas da tarde, várias delas ficaram com queimaduras nas mãos. Aí você vai chegar nelas e dizer pra elas defenderem a sociedade?”, questiona.<br/><br/>Vanderlei Ribeiro, presidente da Aspra (Associação de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro) desde 2008, atribui o “amadorismo” da formação à “cultura” da PM. “Nós somos mal formados, mal preparados e induzidos a erro pela cultura militarista que existe nas polícias militares de todo o Brasil. A formação impõe desde o início um comportamento autoritário que vai se refletir na população. A cultura militar é perversa, ela não prepara o PM para compreender que ele tem um compromisso social com a sociedade. A escola de polícia não tem qualificação nenhuma e não prepara ninguém pra atuar na rua. A formação é agressiva, não respeita os direitos humanos, é arrogante, autoritária e o policial só sabe agir da mesma forma quando sai da academia”, avalia.<br/><br/>Para o sargento Leonel Lucas, membro da Brigada Militar do Rio Grande do Sul e presidente da ABAMF (Associação Beneficente Antônio Mendes Filho, entidade dos praças da Brigada gaúcha) não só o treinamento dos praças precisa melhorar. “Infelizmente, nós temos ainda alguns capitães Nascimento dando instrução nos cursos de formação dos praças. É por isso que eu acho que a primeira coisa que tem que ser mudada é a formação acadêmica dos oficiais superiores, quando a gente mudar a cabeça de quem tá nos formando lá em cima e os oficiais superiores começarem a receber uma formação mais humanista, isso vai se refletir pra quem está nas patentes mais baixas.”<br/><br/><b>Academia não forma para direitos humanos<br/></b><br/>Autor de uma <a href="http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2140/tde-27092012-093421/pt-br.php">tese de mestrado</a> em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o tenente-coronel Adilson Paes de Souza – 30 anos de serviço, hoje na reserva – analisou o peso da disciplina de Direitos Humanos no currículo da Academia de Polícia Militar do Barro Branco, escola de oficiais da PM paulista.<br/><br/>Segundo a dissertação de Adilson, só em 1994 a disciplina de Direitos Humanos apareceu no currículo do Barro Branco e, desde a sua inclusão, a disciplina nunca passou dos 2% do total de horas-aula oferecido nos cursos de formação. Em 2013, último ano coberto pela pesquisa de Adilson, a disciplina de Direitos Humanos representou só 1,4% do total de horas-aula do curso (90 horas aula em um total de mais de 6 mil horas de curso); hoje é ainda menor,foi reduzida para 41 horas-aula.<br/><br/>Adilson critica também o conteúdo geral dos cursos de formação. “Não é dada sequer uma pincelada do quadro social que nós vivemos de desigualdade, pobreza, exclusão. É nessa realidade que o policial vai trabalhar. Quando se fala da questão racial, o policial tem que entender o mecanismo histórico que produz a desigualdade racial até mesmo para que ele não reproduza de maneira inconsciente essas mesmas opressões no dia a dia. E essa é a queixa feita sobre a Polícia Militar na periferia: o viés extremamente racista”, exemplifica.<br/><br/>Para a antropóloga Jacqueline Muniz, da UFF, a partir do fim dos anos 1980 algumas academias se abriram para outras áreas de forma positiva, o que inspirou a criação da <a href="http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJE9CFF814ITEMID4A3525E3C802496E84AD5B27C6649AE7PTBRIE.htm">Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp)</a>, em 2003, que repassa recursos para cursos de especialização para as polícias em universidades de todo o país. “Qualificando os gestores e operadores de segurança pública e pesquisadores foi possível dar um salto de qualidade na elaboração de diagnósticos e iniciativas que subsidiassem políticas públicas”, destaca. Ela também considera importante a criação da <a href="http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJE9CFF814ITEMID414D534CB317480A9995C6D049ED9190PTBRIE.htm">Matriz Curricular</a> do Ministério da Justiça (um documento de referência às polícias militares e civis brasileiras para a elaboração das grades curriculares de cada estado), e a criação do <a href="http://www.justica.gov.br/sua-seguranca/seguranca-publica/senasp-1/fundo-nacional-de-seguranca-publica">Fundo Nacional de Segurança Pública</a>, com recursos vinculados ao planejamento das atividades. “Antes do Fundo a tradição era só de compra de armamento, viatura e munição. Então o policial ganhava um armamento novo, mas desconhecia completamente o que é a logística policial e o diálogo entre os armamentos para fazer uso gradual, qualificado e comedido da força.”<br/><br/>Os avanços, porém, estão restritos a alguns estados, observa Jaqueline Muniz. “Ainda não produzimos uma espécie de ‘esperanto’, de linguagem comum entre as polícias que favoreça a transparência, a profissionalização, a integração e o controle social sobre as práticas de ensino na polícia”, conclui.<br/><br/>A mudança não é fácil, como experimentou na prática César Barreira, professor titular de Sociologia da Universidade Federal do Ceará e coordenador do LEV (Laboratório de Estudos da Violência). Em 2011 o sociólogo implantou a Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará, com uma proposta de formação integrada de todos os profissionais de segurança pública – à exceção dos agentes penitenciários. “Eu avalio essa experiência como muito positiva. Houve uma mistura do ambiente policial com o acadêmico, a parte técnica era dada pelos especialistas em segurança pública e a parte humanística era ensinada por professores doutores”, exemplifica. Ele usa os verbos no passado porque<a href="http://www.acsmce.com.br/sai-frustrado-e-aliviado-diz-ex-diretor-geral-da-academia-de-seguranca-publica/"> um ano e três meses depois do início da experiência, ele foi exonerado </a>pelo secretário de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Francisco Bezerra. “Claramente essa minha proposta não foi muito bem recebida por todos. Os soldados, os policiais da Polícia Civil e a Polícia Forense receberam bem, parte dos oficiais da PM é que não receberam. Não sei se essas ideias vão continuar porque você sabe que um sociólogo à frente de uma academia de polícia é diferente de um tenente-coronel”, finaliza.<br/><br/>Outra tentativa é o <a href="http://iscp.pm.df.gov.br/">Instituto Superior de Ciências Policiais (ISCP)</a>, uma instituição de ensino superior credenciada no MEC, criada pela Polícia Militar do Distrito Federal que oferece dois cursos de graduação (bacharelado em Ciências Policiais e tecnólogo em Segurança Pública) e cursos de pós-graduação lato sensu. “A ideia é oferecer um curso amplo para formar profissionais de gestão em segurança pública. Aqui no Brasil é o primeiro instituto desse tipo. No Chile, pra você ter uma ideia, existe um instituto semelhante desde 1939”, diz o coronel Sousa Lima, coordenador do Departamento de Educação da PMDF e reitor do ISCP. “Também temos uma pró-reitoria de pesquisa para fornecer apoio acadêmico à realidade do policial. Quem vai estudar qual o melhor equipamento pro policial não se aposentar com problemas na coluna? Quem vai estudar que arma o policial usa pra fazer menos dano? Quem vai estudar que munição ele vai usar? A gente resolveu estudar a gente mesmo porque ninguém tá preocupado com a polícia”, alfineta.<br/><br/><b>Desmilitarizar é preciso?<br/></b><br/>Uma questão divide opiniões de policiais e especialistas em segurança pública: é possível oferecer uma formação mais humana e eficiente aos policiais militares sem mexer na natureza militar da PM? Em quase todas as entrevistas feitas para esta reportagem, o tema da desmilitarização das polícias apareceu reanimado pela <a href="http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=114516">PEC 51/2013</a> de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ).<br/><br/>A antropóloga Jacqueline Muniz acha que sim. “A estrutura militar em si não limita o efeito do processo formativo para os policiais, o que impede o policial aplicar o que ele aprendeu é o abuso de poder. Há polícias de inspiração militar, como a Gendarmarie, da França, os Carabineri, da Itália, e a Guarda Civil Espanhola que foram democratizadas, têm grau elevado de formação e os direitos e deveres dos policiais são garantidos como cidadãos plenos. E essas polícias são muito bem avaliadas por suas sociedades e têm, inclusive, baixo índice de violência, corrupção e violação”, afirma. O cabo Elisandro Lotin, presidente da Anaspra, vai na mesma linha. “Você pode ter uma polícia militar desde que a atuação dela na rua seja focada na dignidade da pessoa humana, cidadania, desde que desvincule de toda aquela lógica que o Exército ainda insiste em ter de controle das polícias militares: do armamento até a formação, o número de efetivo. A partir dessa desvinculação [do Exército], que não significa desmilitarização, nós podemos ter uma matriz nacional de atuação das polícias militares no Brasil focados em dignidade da pessoa humana, em direitos trabalhistas para os profissionais de segurança pública, códigos de ética e conduta adequados à democracia”, defende.<br/><br/>Já Vanderlei Ribeiro, presidente da associação de praças carioca, discorda. “A estrutura militarista é incompatível com o policiamento ostensivo. Militarismo é pro Exército. Primeiro você tem que mexer na estrutura pra depois você falar em alterar a formação. Não tem outro caminho. Você pode pegar o melhor especialista do país para dar aula para os policiais, só que o que ele vai fazer na rua vai ser diferente do que ele aprendeu lá porque a cultura enraizada não permite outro tipo de comportamento. Aqui no Rio de Janeiro teve vários convênios com ONGs, vários professores universitários foram dar aula lá nos cursos e não mudou em nada porque a questão toda é mi-li-tar. Não adianta o camarada ter aula de sociologia se ele vai chegar na rua e vai matar, se ele é treinado nesse conceito militarista”, avalia. “Não adianta você fazer aula de direitos humanos se a polícia é militar. Quando você vai pra rua o que predomina é a ideia militar, é a lógica militar”, opina o ex-soldado Darlan Menezes Abrantes.<br/><br/>“Nas entrevistas com os policiais para a minha dissertação, uma fala me chamou a atenção. Eles diziam: ‘Nós entramos em serviço e ao entrar em serviço nós entramos em território inimigo. No território inimigo, eu mato ou eu morro. Não me peça para interceder pela vida do inimigo.’ Estudando depois sobre essa fala, eu fui estudar a Doutrina de Segurança Nacional e ela necessita de um inimigo para se fazer presente. Na ditadura, o inimigo era quem? Quem contestava a ditadura. Terminou a redemocratização e essa ideia persiste, hoje o inimigo é quem enfrenta a polícia, quem pratica um delito ou quem vive em determinadas áreas. O discurso de muitas autoridades é o discurso da guerra, de retomar o território do inimigo, de ocupar o morro e devolver para o Estado. É o discurso da Doutrina de Segurança Nacional. Na ponta da linha, o recado chega assim: ‘Lá tem um inimigo, então o aniquile’. Talvez isso explique a letalidade da polícia”, conclui o tenente-coronel Adilson Paes de Souza.<br/><br/>“Quando você vê um soldado policiando, algo já está errado. Ou o camarada é soldado, ou policial. O soldado tem uma premissa que é o quê? Matar o inimigo. Isso aí é o principal. O soldado é formado para eliminar o inimigo e o policial não, pelo menos não deveria”, afirma o ex-soldado da PM Rodrigo Nogueira Batista. “Essa confusão de atribuições entre soldado e policial, elas não se resolvem de maneira fácil. As coisas continuam acontecendo aos olhos de todo mundo e ninguém faz nada. Por exemplo,<a href="http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/08/atiraram-para-matar-diz-amiga-de-jovem-morta-durante-blitz-no-rj.html"> aquele pessoal que tava voltando de uma festa dentro do HB20 branco e que foram perseguidos por uma patrulha</a>. Não teve um estalinho, uma bombinha, nada que viesse do HB20 pra patrulha e o cara deu 15 tiros de fuzil no carro. Isso só pode acontecer na cabeça de um soldado, na cabeça de um policial não aconteceria nunca. Um policial iria correr atrás, cercar. Mas ele não ia dar tiro em quem não tá dando tiro nele. Só na cabeça do soldado, que acha que tá na guerra e acha que se não atirar primeiro vai levar tiro. O cara foi lá, deu a sirene e o carro acelerou pra fugir da polícia. ‘Ah, é bandido, vou dar tiro’. Podia ser alguém bêbado, podia estar todo mundo fazendo uma suruba dentro do carro, podia ter uma cachaça no carro e o cara estar com medo de ser pego, o cara podia não ter habilitação, o cara podia ser surdo… São milhões de coisas, mas o cara não para pra analisar essas coisas porque ele não foi condicionado pra pensar, a contextualizar o tipo de serviço que ele tá fazendo. Ele foi treinado pra quê? Acelerou, correu, bala!”, analisa o ex-PM, hoje na prisão.<br/></p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="682" data-orig-width="1024"><img src="http://40.media.tumblr.com/8e7c0e28e069d6a61953b3e719730228/tumblr_inline_nry4uqrQkv1sb3lre_540.jpg" data-orig-height="682" data-orig-width="1024" alt="image"/></figure><blockquote><p>Policial militar do Rio de Janeiro durante protesto na final da Copa do Mundo ao lado do estádio do Maracanã | Foto: Francisco Toledo / Guerrilha GRR</p></blockquote><hr><p><i>Matéria original publicada no site da <a href="http://apublica.org/2015/07/treinados-pra-rinha-de-rua/">Agência Pública</a>.</i></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124877140455http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124877140455Thu, 23 Jul 2015 20:32:10 -0400ultimaspolícia militarPMBrasilviolênciadireitos humanostorturamilitarismoComo a TV Globo destrói o futebol brasileiroPor Centro de...<img src="http://41.media.tumblr.com/9e00ecb9aaeeed30e739d30c8465f1d2/tumblr_nry0jk6otZ1tuftuqo1_500.png"/><br/><br/><p><b>Como a TV Globo destrói o futebol brasileiro<br/><i>Por Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé</i></b><i><br/></i><br/>Apenas duas organizações comandam o futebol brasileiro nos dias de hoje: a CBF, instituição organizadora dos eventos futebolísticos no país, e a Rede Globo de Televisão, principal canal de exibição e propaganda do esporte no Brasil. O resultado dessa “parceria” tem se demonstrado negativo - e quem paga por isso é o torcedor.<br/><!-- more --><br/>O programa Ver TV, apresentado por Laurindo Leal Filho na TV Brasil, discutiu direitos de transmissão no futebol, abordando o monopólio da Rede Globo e os interesses comerciais que predominam o cenário do esporte no país. Lalo recebeu o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, além do jornalista Luis Carlos Azenha (autor do livro O lado sujo do futebol) e Marcos Vinicius Cardoso, professor do mestrado em Gestão do Esporte na Universidade Nove de Julho.</p><figure data-orig-width="3543" data-orig-height="2362" class="tmblr-full"><img src="http://36.media.tumblr.com/e30c89ace74b199b2c5954daba3d2be2/tumblr_inline_nry0gzzLZp1sb3lre_540.jpg" data-orig-width="3543" data-orig-height="2362" alt="image"/></figure><blockquote><p>Foto: Reprodução/Vio Mundo</p></blockquote><p>O debate vai de encontro à proposta do coletivo <a href="https://www.facebook.com/pages/Futebol-m%C3%ADdia-e-democracia/916109471768461?fref=ts">Futebol, mídia e democracia</a>, fundado dentro do Barão de Itararé. O grupo reúne jornalistas e ativistas para a construção de uma agenda de discussão e lutas envolvendo temas como a elitização do futebol, o obscurantismo do poder de instituições como a CBF e o monopólio criminoso da mídia - destacadamente da TV Globo.<br/><br/>Assista a íntegra do programa:</p><figure class="tmblr-embed tmblr-full" data-provider="youtube" data-orig-width="540" data-orig-height="304" data-url="https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DIYZqKviFyQY"><iframe width="540" height="304" src="https://www.youtube.com/embed/IYZqKviFyQY?feature=oembed" frameborder="0"></iframe></figure>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124877135745http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124877135745Thu, 23 Jul 2015 20:32:06 -0400ultimasesportesfutebolBrasilCBFGlobomídiamonopóliocorrupçãoGuerrilha entrevista Marcelo Tartali, skatista e produtor de...<img src="http://40.media.tumblr.com/14de7f460281c848ef6d569b64125e4f/tumblr_nrxi0voU521tuftuqo1_r1_500.png"/><br/><br/><p><b>Guerrilha entrevista Marcelo Tartali, skatista e produtor de Behind The Money<br/><i>Por Robin Batista</i></b><i><b> | Capa: João Marcos Negri</b><br/></i></p><p>O skatista Marcelo Tartali lançou recentemente seu primeiro vídeo de produção própria e feito de forma totalmente independente, <b>Behind The Money</b>. De alguma maneira, o título do vídeo deixa uma dica sobre seu conteúdo. A intenção dele era que fosse um vídeo baseado no que ele chama de skate não-midiático, ou seja, skate só pelo rolê, em que a prática não está subordinada a grande exposição na mídia, como tem sido praxe por aí. Colamos na première do vídeo, que rolou na SUB Galeria, em São Paulo, e trocamos uma ideia sobre o BTM e as referências do Tartali.</p><!-- more --><figure class="tmblr-full" data-orig-height="827" data-orig-width="1597"><img data-orig-height="827" data-orig-width="1597" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/14fcee07a57348c142c2953a61c21660/tumblr_inline_nryg6lsGnu1sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>Marcelo Tartali</i><br/></p></blockquote><p><b>Há quanto tempo você anda de skate? Como começou?</b></p><p>Cara eu ando de skate há mais ou menos 15 anos. Foi mais ou menos na época em que assisti Kids pela primeira vez.</p><p><b>Mas Kids te influenciou só por que foi seu primeiro contato com a cultura do skateboard ou por outro motivo?</b></p><p>Assim, esse filme na verdade mostrava mais o lifestyle envolvido com skate naquele momento. Apesar de o filme ser de 1995, no momento em que vi me identifiquei muito com o que vi e resolvi me jogar no mundo do skate.</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="307" data-orig-width="705"><img data-orig-height="307" data-orig-width="705" alt="image" src="http://41.media.tumblr.com/72085626728d558c29d123ddd1a229e6/tumblr_inline_nryhqsCPOl1sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>Marcelo Tartali</i><b><br/></b></p></blockquote><p><b>Daora. E sobre o Behind The Money, que você lançou recentemente, é seu primeiro vídeo ou você já havia produzido outros nesse naipe? Como foi produzir BTM?</b></p><p>Behind The Money é meu primeiro projeto, foi concebido sem nenhuma interferência externa. É um vídeo completamente independente. Foi um projeto meio que não projetado, sabe? Com o tempo as coisas foram acontecendo.</p><p><b>Mas, mesmo sendo não-projetado, vc acha que ele passa alguma mensagem, pela forma como foi feito, por ser independente? Num cenário em que o skate brasileiro cresce cada vez mais, mas cada vez mais dependente do mercado, de corporações, etc, você acha que ainda é possível fazer uma defesa do skate espontâneo, que existe sem interesses comerciais por trás?</b></p><p>Cara, o mercado do skate pode ser comparado a uma arvore: o skate midiático cercado por grandes marcas equivale a copa da arvore, cheia de folhas brilhantes e verdes. Os consumidores são os galhos e o tronco. E vídeos como Behind The Money e muitos outros que fazem parte do underground representam bem as raízes de uma árvore. Todos são importantes e todos tem o teu devido valor. Mas, se as raízes morrem, o restante da arvore não sobrevive.</p><p><b>Comparação interessante, nunca pensei por essa perspectiva. Mas o que você acha, por exemplo, de competições como a Street League, em que Luan Oliveira recentemente venceu? Tem vários skatistas que acham que esse tipo de prática, que supervaloriza premiação ou a própria competição em si, acaba com a essência do skate. Outras pessoas pensam o contrário. O que você acha?</b></p><p>Acho zuado, mas nem por isso saio por ai perdendo meu tempo falando mal. A raiz continua firme e forte, o skate tem mesmo que ter varias vertentes!</p><figure class="tmblr-full" data-orig-height="620" data-orig-width="1172"><img data-orig-height="620" data-orig-width="1172" alt="image" src="http://40.media.tumblr.com/131d77dada50042311a9c0223fbe4856/tumblr_inline_nryght4vCD1sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>João Vitor Marchi - Cena de Behind The Money</i></p></blockquote><figure class="tmblr-full" data-orig-height="615" data-orig-width="1171"><img data-orig-height="615" data-orig-width="1171" alt="image" src="http://36.media.tumblr.com/05387190802c342f489f880d806ac9c1/tumblr_inline_nrygjyk2oP1sb3lre_540.png"/></figure><blockquote><p><i>Igor Morozini - Cena de Behind The Money</i><b><br/></b></p></blockquote><p><b>Agora, só pra gente conhecer melhor você e suas referências, indica aí uns 3 vídeos de skate que você curte pra caralho.</b></p><p>Ah, essa é facil. <b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=lx2B2EYUiX0">Suffer The Joy</a></b> (Toy Machine - 2006), <b><a href="https://vimeo.com/17723319">New Blood</a></b> (Zero - 2005) e <b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=9KXdCPgovZ0">A Time To Shine</a></b> (Transworld - 2006). Também tem <b><a href="https://www.youtube.com/watch?v=QGEjsi5iwPU">Kids</a></b> (Larry Clark - 1995), que fez 20 anos agora em 2015.</p><p><b>E música? Que som você indica pra quem tá saindo agora pra dar um rolê de board perdido por aí? haha</b></p><p>Cara, se for um role de centro é <a href="https://www.youtube.com/watch?v=VDLL-aZZ2l8">Coins - Brolic Mode</a>!</p><p><b>Pra finalizar, além do Behind The Money, você também toca outros projetos, como o Skate Of The Beer. Tem conspirado novos projetos ou filmado pra esses que você já encabeçava? O que você planeja pra esse resto de ano?</b></p><p>Quero começar a filmar o Behind The Money 2 e dar continuidade a todo o resto, como <a href="https://www.youtube.com/channel/UCwNIu5-EWk7PUIAsRKs_0iw">Skate Of The Beer</a>, <a href="https://www.youtube.com/playlist?list=PLwXI4149icOijZ-jSWtSTgA-GUKgS1EHT">RECSP#011</a> e muito mais!</p><p><b>Perfeito mano! Muita sorte nos projetos todos. Ao infinito e além!! Tem algo que você queria falar, pra encerrar a entrevista?</b></p><p>Obrigado ae mano, espero que tenham curtido a entrevista. Valew pelo espaço! <b>Skate livre!</b></p><p><b>****</b></p><blockquote><p>Em <b>Behind The Money</b>, Tartali registrou o corre dos manos <b>João Vitor Marchi, Daniel Pulga, Adriano Honorio, Luiz Moschioni, Gustavo Oliveira, Igor Morozini e Everton Maninho.</b></p></blockquote><p>Assiste aí, tá bem foda:</p><figure data-url="https%3A%2F%2Fvimeo.com%2F131030669" data-orig-height="304" data-orig-width="540" data-provider="vimeo" class="tmblr-embed tmblr-full"><iframe src="https://player.vimeo.com/video/131030669?title=0&byline=0&portrait=0" title="BEHIND THE MONEY" frameborder="0" height="304" width="540"></iframe></figure><hr><p>» <b><i>Robin Batista é designer e membro do coletivo Guerrilha</i></b><br/></p>http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124857123560http://www.guerrilhagrr.com.br/post/124857123560Thu, 23 Jul 2015 15:43:17 -0400tartalimarcelo tartaliskateskateboardskateboardingbrazilian skateboarderskatistaBehind The Money